terça-feira, 31 de dezembro de 2013

É hora de sair do armário

Tradicionalmente, no final de cada ano, as pessoas têm por costume colocar metas para suas vidas no ano que seguirá: emagrecer, buscar um novo trabalho, encontrar um novo amor, começar aquele curso de idiomas, entrar na faculdade etc. De fato, mudanças e novos projetos não são fáceis de serem implementados, mas, mais cedo ou mais tarde, será necessário sair da zona de conforto para dar início a algo novo.

Muitos crentes me escrevem perguntando quando seria a melhor hora para alguém sair do armário. Eu me pergunto se há, de fato, uma “hora certa” para sermos quem nós realmente somos. Uma coisa é fato: quanto mais tempo mentimos para nós e para as pessoas que nos cercam, mais difícil, complicado e constrangedor será para anunciar nossa verdadeira preferência sexual. No entanto, nunca é tarde demais. Já faz três anos que eu me assumi para meus familiares e amigos, aos vinte e cinco anos de idade. Muitas pessoas ficaram chocadas não pelo fato de eu ser gay, mas por eu ter de certa forma escondido por tantos anos, sob uma aparência heterossexual, que minha vontade e desejo estavam para as pessoas do mesmo sexo que eu. Na Congregação tive algumas namoradas, pois eu queria estar dentro das normas sociais na qual eu fui criado, mesmo sabendo que eu não sentia atração sexual por mulheres. Quando muitos dos meus parentes ficaram sabendo, alguns não acreditaram de cara, outros tiveram crise de choro (risos), mas no final das contas tive muita sorte, pois tive a aceitação, amparo e apoio da minha família. Alguns ditos amigos (sobretudo os crentes) tiveram atitudes que me deixaram muito triste na época, mas a imensa maioria não mudou a relação que sempre tivemos. Se você estiver psicologicamente preparado para contar a sua família e amigos sua inclinação sexual não deixe que isto tome anos da sua vida, pois um dia eles terão de saber de qualquer forma, isto é, se você deseja ter uma vida sem máscaras, ter um relacionamento com alguém que você ame e por quem sinta atração, e quem possivelmente frequentará seu círculo social. No primeiro momento pode haver um desconforto com notícia, pois é algo pelo que eles talvez não esperassem ouvir de você, sobretudo os pais, mas com o tempo a poeira acaba baixando e você terá o “feeling” para levar a situação adiante. Algumas famílias são muito abertas, aceitando o namorado / a namorada no convívio sócio familiar, outras até aceitam, mas preferem que não toquem no assunto (tratam o namorado / a namorada) como se fossem apenas um amigo qualquer. Alguns pais podem ter reações mais duras, ficando sem falar com o filho por algum tempo, rogam pragas (infelizmente há alguns crentes que fazem isto com seus filhos, mas entenda que eles agem assim porque eles acham que você está possuído por “demônios” e não querem que você vá para o “inferno”, de certa forma é também uma forma de mostrar preocupação e amor, por mais contraditório que pareça. Outros simplesmente não têm uma instrução sobre o que é a homossexualidade, possuindo apenas alguns “pré-conceitos”) etc. 

Pergunte a você mesmo: Até quando eu vou conseguir mentir? Quanto tempo mais da minha vida vou desperdiçar ocultando algo que é tão próprio do meu ser quanto a cor da minha pele? Quanto tempo mais eu conseguirei esconder dos outros minha preferência sexual? Vale a pena viver uma mentira, em relacionamentos héteros, para cumprir com as normas sociais? 

Faça um propósito com você mesmo e sua consciência para o ano que está por vir, e viva sua vida como ela deve ser vivida.

domingo, 25 de agosto de 2013

Se Deus é por nós, quem será contra nós?!


 
Nas últimas semanas tenho recebido no meu blog comentários homoCCBreligiosos, geralmente com erros de português gritantes, dizendo coisas do tipo “Deus criou o homem e a mulher e não dois homens”, “o homossexualismo jamais será aceito, independe da minha vontade” ,“gays nunca serão bem vindos na CCB” ou que “gays estão tomados por espíritos demoníacos”.
Àqueles que se dão ao trabalho de postar comentários no meu blog com o objetivo de fazer-me mudar de opinião, saibam que estão perdendo tempo. Não adianta citar textos bíblicos, nem querer dar lição de moral bíblica. Fui frequentador da Reunião de Jovens e Menores por mais de 11 anos, e perdi a conta de quantas reuniões da mocidade frequentei. Este blog não é para pessoas que já têm seus conceitos formados pela visão CCBista de entender as coisas e que não estão dispostas a mudar, mas sim a pessoas que, por instrução, educação e conhecimento científico e/ou vivência pessoal sabem que a homossexualidade não é nenhuma opção, mas sim uma condição humana, tanto quanto a cor de pelo à qual um indivíduo possui.
Portanto, se você é da CCB, da Assembleia de Deus, católico, ou de qualquer outra denominação, e se sentir “tentado” a deixar quaisquer comentários homoreligiosos no meu blog, não perca seu tempo, pois os mesmos não serão publicados. Busque um blog onde a homofobia possa ser manifesta, e onde pessoas com sua linha de pensamento e raciocínio irão aplaudi-lo pela ignorância da sua forma arcaica de pensar.

terça-feira, 30 de abril de 2013

Qual a sua Condição Sexual?


Por Jonatas Silva Macedo
Certa ocasião, fui questionado sobre qual seria minha opção sexual. Respondi: "Nenhuma".

Questionado sobre minha orientação sexual, respondi: "Hétero".

Isso porque "opção" é algo pelo qual se opina e eu não optei por ser como sou. E "orientação" é aquilo pelo qual fomos orientados ser, e eu como todos fui orientado a ser hétero.

Quando se fala em condição sexual se fala da forma que somos. Algo pelo qual não optamos ou fomos orientados a ser, simplesmente nascemos assim.

Ninguém opta por ser hétero, gay, bissexual etc. Você pode optar viver sobre alguma dessas condições, porém, dentro de você os seus desejos pedirão por aquilo que você deseja de verdade.

Quando percebemos que somos diferentes, que nascemos sobre uma condição diferente da maioria, somos orientados por muitos a nos adaptar e a viver como os demais. Mais isso também é inútil. Ninguém é feliz vivendo o que não é. Não se aceitando como é.

Crescemos com a crença de que o certo é ser hétero, qualquer outra condição é errada, contra as leis de Deus, é semvergonhice, opção, um demônio. Qualquer outra coisa, menos uma condição sobre a qual nascemos.

Me vêm em mente algumas perguntas:

"Quem gosta de sofrer preconceito?", "Quem gosta de ser rejeitado?", "Quem gosta de ser apontado como pederasta, promíscuo, endemoniado, semvergonha etc?" Ninguém.

É difícil para um gay, uma lésbica, um bissexual se aceitar, quando se vive em uma sociedade onde estão taxados o "certo" e o "errado".
Quando nos descobrimos diferentes, ficamos assustados, com medo. Procuramos ser iguais, viver como os demais. Mas não conseguimos. Percebemos que não estamos comento crime algum em sermos nós, em sermos como somos. Não há o que mudar, do que se libertar. Nascemos assim.

Podemos camuflar, criar uma vida fictícia moldada aos exemplos da sociedade, mas seremos infelizes, amargurados. Só se é feliz quando se aceita e se vive como é.

Quando me descobri gay, passei por crises de busca de libertação, não aceitação. Era difícil para um adolescente vindo de um família evangélica, filho de pastor, se aceitar como gay.

Com o tempo fui conquistando minha independência, conhecendo pessoas e pessoas, analisando o meu caráter, meus objetivos. Percebi que existem gays na polícia, na Marinha, no Exército, na Aeronáutica, assim como existem héteros. Existem gays médicos, advogados, professores, assim como existem héteros. Existem gays na política, gays ladrões, promíscuos que só vivem de sexo e para o sexo, assim como existem héteros.

Ser gay só diferencia a forma do prazer sexual e conjugal que é sentido pelo igual, fora isso somos todos iguais.

Me aceitando como eu era, tinha chegado a hora de minha família e amigos me conhecerem a fundo e me aceitarem também. Precisei antes conquistar minha independência. Cada caso é um caso e para cada ação existe uma reação. Se eu fosse rejeitado, eu precisava ter uma segurança.

Contei para todos do meu convívio. Para os que questionavam o fato de eu ser gay, eu questionava o fato de eles serem héteros. Quem pedia para eu tentar ser hétero eu pedia para tentar ser gay, se eles conseguissem ser gays, eu também conseguiria ser hétero.

Dizia isso para fazê-los entender que ninguém vive sob orientação ou opção sexual, vivemos sob a condição sobre a qual nascemos. Gays, héteros, lésbicas, bissexuais...
http://jonatassilvamacedo.blogspot.com

domingo, 28 de abril de 2013

Primeiro culto de 'igreja gay' em São Paulo é animado e dura 2h30

Igreja Cristã Contemporânea de São Paulo, fundada no sábado (27), contou com a presença de casal que celebrou sua união em programa de Pedro Bial
Congregação, conhecida popularmente como a igreja gay, já possui seis unidades no Rio de Janeiro(Foto: Silvana Garzaro)

“Tá com a chave da vitória, hein!”

“Amém!”

As boas-vindas no primeiro culto da Igreja Cristã Contemporânea em São Paulo vieram como elogio ao pingente em formato de chave que uma mulher usava no pescoço. O enfeite também pode representar o símbolo de uma luta que a congregação, nascida no Rio, defende há pelo menos seis anos, quando foi fundada: uma sociedade livre de preconceitos, principalmente contra homossexuais.
Ocorrida no sábado (27), a celebração teve início pontualmente às 19h e foi acabar quase às 22h. Mais de 200 pessoas estiveram presentes na inauguração da primeira unidade paulista da igreja, localizada à Rua Platina, 190, n
o Tatuapé. A maioria dos presentes eram homens do Rio de Janeiro, que vestiam terno e gravata. Lotaram três ônibus especialmente para vir conferir a inauguração. Alguns moradores da capital também marcaram presença – e foram tomados por uma grande emoção ao longo do culto.
Culto da Igreja Cristã Contemporânea de São Paulo recebe mais de 200 pessoas

(Foto: Silvana Garzaro)
 A presença de Deus é algo que nos enche e nos emociona”, disse o empresário Rickardo Lima, de 37 anos, que durante quase toda a cerimônia chorou, com os olhos fechados e os braços abertos. “Eu já os conhecia do Rio. Sem dúvida, vou me tornar um membro da igreja.”
A congregação, conhecida popularmente como a igreja gay, já possui seis unidades no Rio de Janeiro (a primeira foi em Madureira, onde hoje funciona a sede), uma em Belo Horizonte e agora esta em São Paulo. Fundada pelo casal Fabio Inácio de Souza, de 33 anos, e Marcos Gladstone, de 37, ela se difere das demais igrejas evangélicas unicamente pelo fato de ser inclusiva. “Um dos louvores que entoamos diz justamente que ‘você não nasceu para sofrer’”, diz Fabio. “Eu entrei para a igreja achando que Deus não me amava, como muitos que chegam até nós ainda acreditam.” Sendo inclusiva, a Igreja Cristã Contemporânea pretende portanto agregar tanto heteros, quanto homossexuais.
Em nome dos pais, das mães e dos filhos
Tanto Fabio, quanto Marcos foram noivos anteriormente de mulheres por quatro anos. Há quase sete anos casados (conheceram-se pouco tempo depois de a igreja ter sido erguida), adotaram juntos dois filhos – Felipe, de 9 anos, e Davidson, de 10 -, há pouco mais de dois anos. Durante a entrevista concedida aVEJASAOPAULO.COM, os meninos iam e vinham distribuindo abraços e beijos carinhosos nos pais. “Para eles, ter dois pais é algo natural.”
Davidson e Felipe não eram as únicas crianças no primeiro culto paulista. Ana Beatriz, de 4 anos, também estava acompanhando as mães, a manicure Izabel Betiany e a operadora de telemarketing e pastora Lucia Carrilho, responsável pela unidade de Caxias (RJ), da Igreja Contemporânea. Elas possuem a guarda compartilhada da menina junto com a mãe biológica. Ana Beatriz chegou até elas por meio da Amovi (Associação Amor e Vida em Assistência à Criança e ao Idoso), projeto social fundado por Lucia que atende atualmente 40 crianças carentes e 24 idosos.
“A Maria Cristina, mãe da Ana Beatriz, tem outros quatros filhos e não tem condição de criá-la”, explica Lucia. “Cuidamos dela desde os seus 10 meses e ela sempre vai visitar e passar um tempo com a mãe biológica. Ana Beatriz diz sempre que tem três mães.” Segundo a pastora, a menina adora a igreja e fala com naturalidade sobre os “companheiros” dos amigos de suas mães.
Lucia fundou o projeto social depois de conseguir largar as drogas: foi viciada em cocaína durante sete anos, metade do tempo em que está ao lado de sua mulher. “Da condição de ‘cuidada’ passei a cuidar. Hoje tenho 106 membros na igreja onde ministro, em Caxias. Não tenho palavras para dizer quão gratificante é essa experiência”, afirma.
“As promessas do pai vão se cumprir na sua vida”
O culto foi bastante animado: as canções de louvor, cujas letras eram projetadas na parede decorada com um céu azul entre nuvens, foram acompanhadas por uma banda ao vivo (com guitarra, violão, bateria e sopros) e um coro. O som serviu como trilha de uma peça sem diálogos, que rapidamente encenou a paixão, a morte e a ressurreição de Cristo. Havia também um coro formado por quatro pessoas. Os estilos variaram do pop ao rock, passando até pelo samba.
As pessoas, em sua maioria, pareciam saber as músicas de cor e, por isso, não faziam questão de manter os olhos abertos: dançavam com os braços para cima e a cabeça abaixada, cantando bem alto. No meio disso, um cumprimento desejava ao próximo o melhor, que ainda estava para acontecer: “As promessas do pai vão se cumprir na sua vida” (seria o equivalente à “paz de Cristo” da Igreja Católica, mas com direito a abraços, sorrisos e beijos no rosto). Os que estavam com o seu companheiro ao lado entoavam os hinos abraçados. Duas engajadas mulheres levaram seu próprio pandeiro para ajudar no tom do culto, da plateia mesmo.
No controle de todo este som estava a secretária Aline Peixoto, de 35 anos, casada há 18 anos com a pedagoga Simone Queiroz, de 46, uma das vozes do coro oficial. As duas ficaram conhecidas nacionalmente depois de celebrarem o seu amor no palco do programa Na Moral, de Pedro Bial, em julho do ano passado. “Cerca de 85% das pessoas que vieram falar com a gente depois que aparecemos na TV tiveram uma reação positiva. Foi muito show, quase um desfile de miss”, diverte-se Simone.
Os outros 15%... bem, não fizeram muita diferença. “A pessoa pode até carregar um preconceito dentro dela. Mas é você que tem o poder de sentir esse preconceito ou ignorá-lo”, diz Simone, para em seguida ser complementada por Aline: “Ainda falta amor ao próximo.” Simone tem dois filhos do primeiro casamento – Ana Carolina, de 24 anos, e Rodrigo, de 19 -, mas ainda pensa em adotar mais um com Aline.
Mais para o fim do culto, era chegada a hora do dízimo. Envelopes amarelos (a mesma cor da igreja) foram entregues a todos os presentes, para colocarem ali o valor que julgassem justo. Os membros que estavam sentados perto da reportagem de VEJASAOPAULO.COM devolveram os envelopes vazios. As máquinas de cartão de crédito e débito pouco foram utilizadas também.
Ao encerrar o culto de cerca de duas horas e meia, o pastor Fabio fez sua aposta: “No ano que vem, vamos comemorar o nosso primeiro ano de vida no Credicard Hall.” Em meio a palmas e risos, os fieis respondiam “gloria a Deus, Senhor!”.
FONTE: VejaSP



sábado, 27 de abril de 2013

'Igreja gay' inaugura primeiro templo na cidade de São Paulo

Localizado no Tatuapé, o templo paulistano tem 734 m² - o que lhe confere, segundo a própria administração da igreja, o título de "maior templo gay da América Latina"

São Paulo - Levando o amor de Deus a todos, sem preconceitos. Com esse slogan - que deixa implícita a aceitação plena das orientações sexuais de seus fiéis, para calafrios de adeptos de pastores e padres conservadores de outros credos -, a Igreja Cristã Contemporânea chega a São Paulo hoje. E com um discurso otimista. Depois de sete unidades em funcionamento (seis no Rio e uma em Minas Gerais), a instituição pretende abrir dez templos em São Paulo no período de três anos. "Temos espaço para crescer. Nossos cultos são sempre muito cheios, fica gente para fora", diz o pastor Marcos Gladstone, de 37 anos, fundador e presidente da igreja. Segundo ele, há 1,8 mil adeptos da Igreja Cristão Contemporânea em todo o Brasil.Localizado no Tatuapé, na zona leste, o templo paulistano tem 734 m² - o que lhe confere, segundo a própria administração da igreja, o título de "maior templo gay da América Latina". Há um mês, o grupo realiza os cultos na capital, mas em um local improvisado: um salão de eventos no centro.

História. Gladstone fundou e comanda a igreja ao lado de seu companheiro, o também pastor Fabio Inacio de Souza, de 33 anos - o casal tem dois filhos, frutos de uma adoção conjunta: Davison, de 10 anos, e Felipe, de 9. Ambos já eram religiosos antes de se conhecerem. Advogado, integrante da Comissão de Direito Homoafetivo da seção fluminense da Ordem dos Advogados do Brasil e teólogo, Gladstone era pastor da Igreja Evangélica Congregacional do Brasil, que frequentava desde os 14 anos. Souza, por sua vez, era pastor da Igreja Universal do Reino de Deus. Os dois viviam relacionamentos heterossexuais - chegaram a ser noivos. 

"Acredito que as igrejas costumam seguir traduções errôneas e até mesmo tendenciosas dos textos bíblicos. Por isso, condenam o homossexualidade", diz Gladstone. "Então sempre me preocupei com o que sentia. Porque acreditava que era pecado, que era algo abominado por Deus." 

Em 2006, pouco tempo depois de eles se conhecerem e começarem a namorar, nascia a Igreja Cristã Contemporânea, com o discurso da tolerância. "Até hoje, a maioria dos fiéis são homossexuais", comenta Gladstone. "Mas, com o tempo, começamos a ter um público hétero também, principalmente parentes dos gays." 

Consequência. Para o teólogo Wagner Sanchez, professor da PUC, é uma tendência. "Há algum tempo, já existem igrejas evangélicas que focam determinados grupos, como jovens ou surfistas", analisa. "Uma igreja assim é consequência do espaço que os grupos homossexuais vêm ganhando na sociedade brasileira. 
Fonte: Exame

domingo, 17 de março de 2013

Igreja Jesus, Cidade de Refúgio: uma igreja inclusiva



Algumas semanas atrás fui convidado por um amigo da CCB para participar de um culto em uma "igreja inclusiva". Igrejas inclusivas são aquelas onde homossexuais são aceitos como tais, sem o famoso apelo para a mudança de orientação sexual. Fui à igreja Jesus, Cidade de Refúgio, localizada em Santa Cecília, região central de São Paulo. Esta igreja é presidida pelo casal de pastoras lésbicas Lanna Holder e Rosania Rocha. 

Chegando à igreja fui muito bem recebido por uma porteira, quem logo me conduziu até um assento. A igreja estava lotada. Senti um forte espírito de fraternidade ali dentro. Pessoas cantando, orando de olhos fechados, elevando as mãos aos céus ao som de letras de músicas como "Tudo pode passar, Teu amor jamais me deixará. Sempre há de existir, novo amanhã preparado pra mim". Vi muitos casais sentados lado a lado, com muito respeito pelo ambiente onde se encontravam e sem medo de que a qualquer momento algum pregador lhes apontasse o dedo e dissesse que ali eles não seriam bem vindos como gays, algo que aconteceu comigo e meu ex namorado há dois anos na CCB, quando um cooperador que sabia da nossa situação ocupou 40 minutos do tempo da Palavra pregando que casais gays não seriam bem vindos na igreja.

Muitas pessoas que frequentam igrejas inclusivas são gays e lésbicas que foram excluídos de igrejas tradicionais, como Batista, CCB, Assembléia de Deus etc, ou que saíram voluntariamente por não serem aceitas pelo grupo. Outros foram convertidos através de evangelização de rua, em porta de boates, parada gays e outros lugares de grande concentração de homossexuais. Independente do passado que elas tiveram, elas são recebidas e abraçadas como novas criaturas em Cristo, tal como ocorre em outras igrejas.

Para aqueles que acham que igrejas inclusivas são meramente pontos de encontro para gays, saibam que este conceito está completamente equivocado. Ouvi conselhos tais quais aqueles ensinadas nas igrejas tradicionais: santidade, fidelidade, castidade antes do casamento, respeito, amor ao próximo e acima de tudo, amor a Deus. 

Muitos tradicionais acham que estas igrejas são uma afronta a Deus e aos bons princípios. Outros são mais radicais e chagam a dizer que gays são filhos do diabo e que não possuem salvação, pregação que já ouvi da boca do ancião da CCB onde eu fazia comum. Independente do que possam dizer, gays e lésbicas são seres humanos providos de sentimentos, desejos, necessidades físicas e espirituais, e Deus está com Seus ouvidos inclinados para ouvir suas orações, estejam eles nas igrejas tradicionais ou nas igrejas inclusivas.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Começa a valer em SP norma que regulamenta casamento civil de gays

Norma foi publicada pelo Tribunal de Justiça em dezembro de 2012.
Na prática, não há mais o risco de o casamento ser negado pela Justiça.


Homossexuais que vivem no estado de São Paulo e querem se casar não precisam mais aguardar decisão judicial para oficializar a união. Nesta sexta-feira (1º) começa a valer, em todos os 832 Cartórios de Registro Civil paulistas, norma que regulamenta o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo.

Na prática, a partir de agora não há mais o risco de o casamento entre homossexuais ser negado pela Justiça, como ocorria em alguns casos. “Agora é igual. É o mesmo procedimento tanto para casais heterossexuais como para homossexuais”, disse Luis Carlos Vendramin Júnior, presidente da Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado de São Paulo (Arpen-SP).

A pessoa que não conseguir registrar o pedido de casamento em algum cartório pode fazer uma denúncia à Corregedoria-Geral da Justiça.


Antes, os processos de casamento gay em São Paulo precisavam ser submetidos ao juiz corregedor do cartório. Caso aprovada, a união era realizada. Se não, o casal tinha de recorrer à segunda instância do Tribunal de Justiça (TJ). Agora, a concordância do magistrado não é mais necessária, como ocorre num casamento entre homem e mulher. “As responsabilidades são as mesmas, os valores são os mesmos, os prazos são os mesmos. Essa norma garante a igualdade, como está determinado na Constituição“, disse Vendramin Júnior.


A norma que regulamenta o casamento civil gay foi publicada pelo Tribunal de Justiça (TJ) em dezembro de 2012, passando a valer nesta sexta. À época, o TJ afirmou que o tratamento igualitário dispensado aos casais homossexuais, “além de amparado no posicionamento consagrado pela Suprema Corte e também pelo Conselho Superior da Magistratura, prestigia a dignidade humana de parcela da sociedade, trazendo praticidade e facilidade para o registro".

Segundo a Arpen-SP, somente na capital foram celebrados 108 casamentos gays (86 em 2012 e 22 em janeiro e fevereiro de 2013) desde o ano passado, quando foi autorizada a primeira cerimônia do tipo na cidade. Com a nova norma, a expectativa é que mais homossexuais procurem os cartórios para o casamento civil.

Primeiro casamento
São Paulo é o primeiro estado do país a adotar a norma que regulamenta o casamento civil gay. Foi numa cidade paulista, também, que ocorreu a primeira conversão de união estável entre homossexuais em casamento.

Em 27 de junho de 2011, o cabeleireiro Sérgio Kauffman Sousa e o comerciante Luiz André Moresi trocaram alianças em um cartório em Jacareí, no interior. Os dois, então, se tornaram oficialmente casados e passaram a usar o mesmo sobrenome: Sousa Moresi.

Luiz André dedicou o casamento aos militantes, à Justiça em Jacareí e aos ministros do Supremo Tribunal Federal. “A gente luta por tantos anos e quando acontece, a gente entra em êxtase. É por isso que eu divido e dedico essa vitória a todos os militantes”, disse.

Fonte: G1

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Jogador Robbie Rogers se assume gay e deixa o futebol


O jogador de futebol Robbie Rogers, de 25 anos, assumiu-se homossexual, nesta sexta-feira, 15, e comunicou que está deixando o esporte.

Rogers é norte-americano e estava jogando na Inglaterra. Contratado pelo Leeds United, em 2012, ele foi emprestado para o clube Stevenage. Em janeiro, retornou ao Leeds e deixou o clube.

Em seu blog, o atleta fala como foi guardar o segredo de sua homossexualidade. “Nos últimos 25 anos, eu tenho tido medo, medo de mostrar quem eu realmente era”.

Para se ter uma ideia de como essa atitude foi corajosa, o último jogador atuando na Inglaterra a sair do armário foi Justin Fashanu, em 1990! Ele se suicidou em 1998.

O depoimento de Rogers é tão tocante e verdadeiro que colocamos na íntegra o que atleta escreveu:


“As coisas nunca são o que parecem… Toda a minha vida eu me senti diferente, diferente dos meus colegas, mesmo diferente da minha família. Na sociedade de hoje ser diferente torna você corajoso. Para superar os seus medos você tem de ser forte e ter fé em seus objetivos.
Nos últimos 25 anos, eu tenho tido medo, medo de mostrar quem eu realmente era. Medo de que o julgamento e a rejeição não me deixassem atingir meus sonhos e aspirações. Medo de que aqueles que eu amo ficassem distantes de mim se soubessem meu segredo. Medo de que o meu segredo iria ficar no caminho dos meus sonhos.
Sonhos de ir a uma Copa do Mundo, os sonhos dos Jogos Olímpicos, os sonhos de fazer a minha família orgulhosa. O que seria da vida sem esses sonhos? Eu poderia viver uma vida sem eles?

A vida só é completa quando aqueles que você ama te conhecem. Quando eles conhecem seus verdadeiros sentimentos, quando eles sabem quem e como te amar. A vida é simples, quando seu segredo se foi. A partida é a dor que se esconde no estômago no trabalho, a dor de evitar perguntas, e, por último, a dor de esconder um segredo tão profundo.

Segredos podem causar muitos danos internos. As pessoas gostam de pregar sobre a honestidade, como a honestidade é tão clara e simples. Tente explicar para aqueles que você ama depois de 25 anos que você é gay. Tente convencer a si mesmo que o seu criador tem o propósito mais maravilhoso para você, mesmo que tenha te sido ensinado de forma diferente.

Eu sempre pensei que eu pudesse esconder este segredo. O futebol foi a minha fuga, meu propósito, minha identidade. O futebol escondeu o meu segredo, me deu mais alegria do que eu jamais poderia ter imaginado… Eu sempre vou ser grato pela minha carreira. Eu vou lembrar de Pequim, a Copa MLS, e principalmente de todos os meus companheiros de equipe. Eu nunca vou esquecer os amigos que fiz neste longo caminho e os amigos que me apoiaram, uma vez que sabiam o meu segredo.

Agora é minha vez de me afastar. É hora de me descobrir longe do futebol. É uma da manhã em Londres, enquanto escrevo isto e eu não poderia estar mais feliz com a minha decisão. A vida é tão cheia de coisas incríveis. Eu percebi que só poderia realmente desfrutar a minha vida se eu fosse honesto. Honestidade é uma droga mas faz a vida tão simples e clara. Meu segredo se foi, eu sou um homem livre, eu posso seguir em frente e viver minha vida como meu criador pretendia.”

Fonte:Parou Tudo