segunda-feira, 29 de agosto de 2011

As igrejas na mira da Justiça

Para aqueles que acreditam que tudo pode ser dito 'em nome de Jesus' e ficarem impunes, a reportagem abaixo mostra as consequências para religiosos que usam a Bíblia como espada e escudo em  seus julgamentos e decisões arbitrárias



Andrea Senatore se especializou em processos por danos morais contra as igrejas

A advogada Andrea Senatore Grillo guarda na mesa de seu escritório, em São Paulo, uma pequena pilha de processos antigos de fiéis desapontados que contestaram na Justiça decisões tomadas por seus líderes religiosos.

Dentro das igrejas, qualquer medida é considerada soberana e inspirada por Deus. Fora delas, podem levar os seus representantes a serem enquadrados na lei civil, trabalhista e até criminal, independentemente da fé que professam.

"Entre os casos que ela pesquisou e guardou, o que mais chama a atenção é a de uma ex-pastora que, acusada de bruxaria, foi expulsa da igreja Metodista, e obteve indenização de R$ 27.000 na Justiça por danos morais".

Em cinco anos, a coleção de casos se avolumou, e Andrea passou a se dedicar ao assunto, tema de sua monografia na pós-graduação. "A minha luta é para que as igrejas, ainda que amparadas pelo direito de liberdade de culto, deixem de tomar decisões arbitrárias em nome de Deus", afirma.

Segundo ela, muitos líderes julgam os fiéis por desvios de conduta e expõem o 'pecado' ao público, o que cria um forte constrangimento a quem possui vínculos sociais muito fortes nessas igrejas.

Casos assim são comuns em templos como a Congregação Cristã no Brasil, cujo estatuto recomenda, por exemplo, que pessoas de sexo oposto não estabeleçam "relação de confiança" entre si. "Leituras estranhas" também não são recomendadas pelas normas, somente aquilo que está iserido na Bíblia.

"Existem casos de quem foi acusado de adultério e, para atestar inocência, enviou à igreja uma série de cartas, com firma reconhecida em cartório. Até a suposta amante chegou a escrever também para a igreja, dizendo que o rapaz era inocente. Mesmo assim ele foi condenado e agora contesta na Justiça

a decisão."

Púlpito da CCB com a inscrição "Em Nome do Senhor Jesus"**

Para a advogada, conflitos dessa natureza só serão diminuídos quando as igrejas mudarem seus regimentos, tornando-os mais claros e garantindo aos freqüentadores o direito de serem ouvidos e se defender quando forem julgados em casos de desvio de conduta.

"O crescimento das igrejas foi acompanhado pelo aumento dos conflitos. Isso atinge a área do direito com o aumento das indenizações por danos morais, pessoais e até estéticos nas igrejas", relata.

Ainda segundo Andrea, a Justiça do Trabalho também vem sendo cada vez mais requisitada a manifestar-se acerca do vínculo trabalhista do pastor, obreiros, eclesiásticos.

"Há ainda processos criminais envolvendo membros das igrejas em crimes como injúria, difamação, escândalos de corrupção, sonegação fiscal, lavagem de dinheiro, entre outros delitos", finaliza.

Outro lado

O advogado da Congregação Cristã do Brasil, Paulo Sanches Campoi, afirma que, para exercer liderança na entidade, é necessário possuir comportamento ilibado.

O colaborador, que não é remunerado para exercer a função, não pode violar o estatuto da entidade e está sujeito a ser julgado por um conselho interno, formado pelos anciãos (espécies de pastores). Campoi nega, entretanto, que o julgado seja impedido de se defender diante dos líderes.

"O Conselho de anciães delibera e decide expulsá-la em caso de desvio e nós consideramos as decisões soberanas. Quem vai à Justiça contesta uma decisão divina", afirma o advogado.

Para ele, a constituição federal privilegia a liberdade de fé e, por esse motivo, o Estado não poderia julgar uma medida tomada nas igrejas.

"Há um desconforto quando a igreja vai ao banco dos réus. Quem vai à Justiça contra a entidade está, na verdade, contestando uma vontade de Deus também", argumenta.

Nota
** Na Congregação Cristã no Brasil existe a crença de que tudo o que é dito de cima do púlpito no momento da pregação é ditado pelo próprio Deus. É uma espécie de incorporação espiritual, onde a pessoa que ali está presente é apenas um meio (comumente chamado de "vaso" pelos fiéis)  para que Deus transmita uma mensagem ou mensagens à igreja.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

A Bíblia não ensinada na Escola Dominical (RJM da CCB)



Versos bíblicos não recitados na Reunião para Jovens e Menores

Guerra: morte de inocentes e vingança

I Samuel 15:2-3,7-8
Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Eu me recordei do que fez Amaleque a Israel; como se lhe opôs no caminho, quando subia do Egito.
Vai, pois, agora e fere a Amaleque; e destrói totalmente a tudo o que tiver, e não lhe perdoes; porém matarás desde o homem até à mulher, desde os meninos até aos de peito, desde os bois até às ovelhas, e desde os camelos até aos jumentos.
Então feriu Saul aos amalequitas desde Havilá até chegar a Sur, que está defronte do Egito.
E tomou vivo a Agague, rei dos amalequitas; porém a todo o povo destruiu ao fio da espada.

Queimar pessoas vivas

Levitico 21:9
Se a filha de um sacerdote se corromper, tornando-se prostituta, desonra seu pai; será queimada com fogo.
(em termos bíblicos, sexo entre namorados também é prostituição)

Filhos desobedientes

Deuteronômio 21:18-21
Quando alguém tiver um filho contumaz e rebelde, que não obedecer à voz de seu pai e à voz de sua mãe, e, castigando-o eles, lhes não der ouvidos,
Então seu pai e sua mãe pegarão nele, e o levarão aos anciãos da sua cidade, e à porta do seu lugar;
E dirão aos anciãos da cidade: Este nosso filho é rebelde e contumaz, não dá ouvidos à nossa voz; é um comilão e um beberrão
Então todos os homens da sua cidade o apedrejarão, até que morra; e tirarás o mal do meio de ti, e todo o Israel ouvirá e temerá.

Estupro de uma virgem

Deuteronômio 22:28-29
Quando um homem achar uma moça virgem, que não for desposada, e pegar nela, e se deitar com ela (estuprá-la), e forem apanhados,
Então o homem que se deitou com ela dará ao pai da moça cinqüenta siclos de prata; e porquanto a humilhou, lhe será por mulher; não a poderá despedir em todos os seus dias.
(em outras palavras, a estuprada é obrigada a viver com o estuprador para o resto da vida)

Moças não virgens

Deuteronômio 22:20-21
Porém se isto for verdadeiro, isto é, que a virgindade não se achou na moça.
Então levarão a moça à porta da casa de seu pai, e os homens da sua cidade a apedrejarão, até que morra; pois fez loucura em Israel, prostituindo-se na casa de seu pai; assim tirarás o mal do meio de ti.
(em termos bíblicos, sexo entre namorados também é prostituição)

Praticantes de outras religiões
Deuteronômio 13:6-10
Quando te incitar teu irmão, filho da tua mãe, ou teu filho, ou tua filha, ou a mulher do teu seio, ou teu amigo, que te é como a tua alma, dizendo-te em segredo: Vamos, e sirvamos a outros deuses que não conheceste, nem tu nem teus pais;
Dentre os deuses dos povos que estão em redor de vós, perto ou longe de ti, desde uma extremidade da terra até à outra extremidade;
Não consentirás com ele, nem o ouvirás; nem o teu olho o poupará, nem terás piedade dele, nem o esconderás;
Mas certamente o matarás; a tua mão será a primeira contra ele, para o matar; e depois a mão de todo o povo.
E o apedrejarás, até que morra, pois te procurou apartar do SENHOR teu Deus, que te tirou da terra do Egito, da casa da servidão;
Êxodo 22:20
O que sacrificar aos deuses, e não só ao SENHOR, será morto.
(Partindo deste princípio, deveriamos matar os praticantes do candomblé e da umbanda, os budistas e mais de um bilhão de Indianos sem piedade nem dó)


Deficientes

Levítico 21:17-23
Fala a Arão, dizendo: Ninguém da tua descendência, nas suas gerações, em que houver algum defeito, se chegará a oferecer o pão do seu Deus.
Pois nenhum homem em quem houver alguma deformidade se chegará; como homem cego, ou coxo, ou de nariz chato, ou de membros demasiadamente compridos,
Ou homem que tiver quebrado o pé, ou a mão quebrada,
Ou corcunda, ou anão, ou que tiver defeito no olho, ou sarna, ou impigem, ou que tiver testículo mutilado.
Nenhum homem da descendência de Arão, o sacerdote, em quem houver alguma deformidade, se chegará para oferecer as ofertas queimadas do SENHOR; defeito nele há; não se chegará para oferecer o pão do seu Deus.
Ele comerá do pão do seu Deus, tanto do santíssimo como do santo
Porém até ao véu não entrará, nem se chegará ao altar, porquanto defeito há nele, para que não profane os meus santuários; porque eu sou o SENHOR que os santifico.

Escravidão
Levítico 25:44-45
E quanto a teu escravo ou a tua escrava que tiveres, serão das nações que estão ao redor de vós; deles comprareis escravos e escravas.
Também os comprareis dos filhos dos forasteiros que peregrinam entre vós, deles e das suas famílias que estiverem convosco, que tiverem gerado na vossa terra; e vos serão por possessão.
I Pedro 2:18
Vós, servos (escravos), sujeitai-vos com todo o temor aos senhores (donos), não somente aos bons e humanos, mas também aos maus.


Depois de saber de tudo isto, você ainda insiste em defender Levitico 20:13?

domingo, 14 de agosto de 2011

O beijo gay e a insensatez de Insensato Coração



Insensato Coração, a novela da Rede Globo exibida desde Janeiro de 2011, escrita por Gilberto Braga e Ricardo Linhares e dirigida por Dennis Carvalho, aborda um tema bastante debatido pela população brasileira nos últimos tempos: a homossexualidade.

A relação amorosa entre Eduardo (Rodrigo Andrade) e Hugo (Marcos Damigo), vem despertando comentários dos mais diversos por aqueles que são contra e os que são a favor do relacionamento entre pessoas do mesmo sexo.

Um dos pontos mais polêmicos do debate é o fato de ter ou não o primeiro beijo da televisão brasileira entre dois homens (já que o primeiro beijo gay foi exibido pelo STB em 11 de maio de 2011 na novela Amor e Revolução, pelas personagens lésbicas de Luciana Vendramini e Gisele Tigre).

O beijo gay tem sido censurado ao longo de toda a história da TV brasileira. Diversas outras novelas e seriados abordaram a temática homossexual, mas a mídia teria alegado que a população não estaria preparada para ver a demonstração de carinho e afeto entre iguais. “A moral do brasileiro não permite a exibição, sobretudo em horário nobre, de uma cena que fira os princípios da família”, é a argumentação superficial apresentada pelos ‘moralistas’ de plantão. “Nossas crianças não podem e não devem ser influenciadas às praticas do homossexualismo, algo completamente fora dos padrões naturais e sociais”, completam os mesmos pensadores.

Muito interessante se torna a análise mais profunda do conteúdo das telenovelas brasileiras versus as argumentações dos que defendem os bons princípios socioreligiosos, numa sociedade onde boa parte da população diz freqüentar a igreja pelo menos uma vez por semana.

Basta ligarmos a TV e assistirmos um capítulo de qualquer telenovela para constatarmos que a mídia não está nem um pouco interessada em transmitir bons princípios: traição (adultério), nudez, cenas de sexo praticamente explícito, pessoas que acabaram de se conhecem e já vão para a cama, bebedeira, traições morais, ódio, assassinatos, vingança, calotes, enganos e trapaças são apenas algumas das temáticas abordadas e defendidas como “normal e natural”, já que elas refletem o dia-a-dia vivido por milhões de pessoas. “No final das contas, tudo acaba bem”, defendem os autores das novelas.

Será que o beijo gay seria mesmo tão chocante para a população? Muitos alegam que isto poderia influenciar crianças e jovens a desenvolverem o desejo pelo mesmo sexo. Este argumento não é nada além do que uma falácia descabida, uma vez que homossexuais nasceram de pais heterossexuais e foram criados em um ambiente onde o amor e o afeto eram predominantemente demonstrados entre heterossexuais, mas isto não os influenciou a serem héteros.

Fica aqui a dica: quem quiser mesmo defender os bons costumes e estar livre das más influências, saia da sala imediatamente após o término do Jornal Nacional, pois tendo ou não o beijo gay, a novela brasileira está muito longe de ser um guia prático de princípios cristãos a ser seguido.