domingo, 22 de fevereiro de 2015

Irmão gay é levantado para cooperador de jovens



Recentemente um certo irmão da minha região, cujo nome prefiro omitir, foi levantado para o ministério de cooperador de jovens. Este mesmo irmão foi auxiliar de jovens na minha primeira comum congregação. Músico e de família tradicional na CCB, lembro-me dele pregando a palavra na RJM por diversas vezes no final dos anos 90. Na época eu era um pré-adolescente. Ele era uns 4 ou 5 anos mais velho que eu. Nunca fomos amigos, nem inimigos. Ele pertencia a um grupinho  "seleto" de irmãos mais populares, enquanto que e estava dando meus primeiros passos dentro daquela igreja.

Os anos se passaram e este irmão se casou com uma daquelas irmãzinhas também populares, organista, da mesma comúm. A esta altura eu já havia mudado de comum, e acabei não tendo tanto contato mais com aquele rapaz.

Mais alguns anos se passaram. Estamos agora no ano de 2012. Estava eu no meu trajeto de volta do trabalho aguardando o metrô chegar e, de repente, avisto aquele mesmo rapaz que pregava nos cultos da RJM, lá no final dos anos 90 na minha ex comum. A esta altura eu já havia me assumido como gay e já não ia mais à igreja com a mesma frequência. Ao avistá-lo, continuei mexendo no meu celular, sem dar nenhum sinal de que eu o conhecia. Logo chegou o trem e embarcamos em portas diferentes, porém no mesmo vagão. Continuei ouvindo minhas músicas, como de costume. Algumas estações mais a frente, surpreendentemente, aquele homem se aproximou de mim e disse que me conhecia de algum lugar, mas não sabia de onde....Logo tratei de refrescar sua memória, dizendo que nós fizemos comum na mesma congregação por algum tempo, quando eu ainda era quase uma criança. Na verdade, não acreditei na versão de que ele não se lembrava de onde me conhecia, mas estou convencido de que ele queria apenas puxar assunto de alguma forma por saber da minha saída do armário pelo que irei relatar a seguir.

Logo percebi naquele rapaz um interesse particular por saber da minha vida, dos porquês de eu não estar mais na CCB. Então, sem nenhum rodeio, contei a ele que eu havia me assumido homossexual, e que por isto havia deixado de congregar como antes, pois sabia que a igreja não via com bons olhos pessoas que se assumem.  Era tudo o que ele precisava ouvir para entrar de vez neste assunto. De cara ele me disse: "fora os muitos enrustidos que estão lá na igreja". A conversa se desenrolou por esta linha até que nossa estação de desembarque chegou. Quando descemos, e indo pelo mesmo caminho, ele me confessou que sentia-se atraído por homens e que inclusive já havia tido algumas experiências homossexuais, antes e depois de casado. A esta altura da conversa ele olhava para mim de uma forma diferente, como quem estivesse me desejando e, por fim, me convidou para ir a sua casa. Disse que sua esposa não estaria lá e que por isso teriamos a casa somente para nós. Fiquei um pouco assustado com tamanha ousadia, e de pronto lhe disse que eu não iria, mas que poderíamos conversar sobre sua situação. Entramos em uma padaria, pedimos algo para tomar e ele me confessou que seu casamento estava uma desgraça, que por diversas vezes pensou em se divorciar, mas que não tinha coragem de se assumir, muito menos agora com um filho. Sua família não aceitaria sua condição sexual. Eu o aconselhei a ser ele mesmo, e deixar de enganar aquela moça, pois quanto mais o tempo passa mais difícil fica sair de uma mentira. Conversamos por um bom tempo naquele recinto e logo nos despedimos. 

Qual não foi minha surpresa há poucos meses, ao chegar em casa meu pai disse que o irmão fulano havia sido levantado para o ministério de cooperador de jovens. Sinceramente cheguei a pensar que fosse um outro irmão de mesmo nome, mas para minha surpresa tratava-se da mesma pessoa, o mesmo irmão que me assediou e que revelou ter traído a esposa com outro homem, foi posto à frente de uma igreja para ensinar os jovens sobre regras e bons costumes cristãos. Fico me perguntando: Meu Deus, quantas outras coisas ocultas não devem haver por aí?!