Um estudo estatístico nos Estados Unidos mostrou que 75% ataques sexuais juvenis ocorrem por alguém próximo da vítima, sendo grande parte dos casos o pai ou padrasto. 80% das vítimas são mulheres.
Em 2017 um escândalo veio à tona na Igreja Católica da
Austrália, quando um relatório de 4.444 pessoas denunciou abusos sexuais sofridos na
infância dentro daquela instituição naquele país. 78% das vítimas eram homens e 22%
mulheres. Muitos dos abusadores pertenciam ao alto escalão da igreja.
Olhando para os números acima, eu me pergunto onde está
verdadeiramente o problema. A família e a igreja são as instituições mais
tradicionais e, teoricamente, as mais confiáveis do mundo. Sabendo disso, pessoas má
intencionadas usam da confiança de inocentes para cometer crimes horrendos,
causando traumas físicos e emocionais muitas das vezes irreparáveis na vida
milhares de crianças.
Uma relação absurda que lemos geralmente é o da pedofilia
e da homossexualidade. Muitas pessoas acreditam que ambos estão diretamente
correlacionados, mas basta olhar para as estatísticas de abusos domésticos para
notar que a pedofilia no lar é predominantemente heteronormativo. No caso dos ataques na Igreja Católica, homossexuais reprimidos e acobertados por uma instituição (a Igreja Católica) que impõe o celibato se
esconderam atrás da batina e atacam garotos coroinhas. Em todos os casos, há
um crime gravíssimo sendo cometido. A prática do ato sexual não consensual é um ato
criminoso, e crianças não tem poder nem discernimento sobre seus corpos.
Por outro lado, grande parte da nossa sociedade acha que o real
problema moral está em “exibir o beijo gay” entre dois adultos em horário nobre
da TV aberta, o casamento entre pessoas do mesmo sexo ou dois homens andando de
mãos dadas ou trocando carícias em público. Essas pessoas que defendem “os bons
costumes” acreditam que as crianças irão ser influenciadas negativamente por
presenciar o amor entre dois iguais, e não cuidam que talvez elas estejam sendo
atacadas por alguém de sua extrema confiança, como um tio tarado ou um pastor
criminoso.
Os homossexuais foram reprimidos, atacados, humilhados,
presos e mortos durante centenas de anos. Inúmeros homens e mulheres
importantes da história eram gays, mas não podiam assumir suas verdadeiras
preferências por causa da opressão social. Estamos vivendo um tempo de mudanças
e de liberdade. Cada ser humano adulto tem o direito de amar quem bem entender, seja alguém do sexo oposto ou do mesmo sexo, desde que seja outro adulto e que seja recíproco e consensual. Assim
como o divórcio foi tabu por séculos no Brasil, mas foi plenamente legalizado
recentemente, o casamento entre pessoas do mesmo sexo também veio para ficar.
Portanto, antes de apontar o dedo para alguém que é assumidamente
homossexual, olhe ao seu redor e observe os reais problemas que podem estar
escondidos.
Fontes: http://victimsofcrime.org/media/reporting-on-child-sexual-abuse/child-sexual-abuse-statistics
https://g1.globo.com/mundo/noticia/denunciados-4500-casos-de-pedofilia-na-igreja-catolica-da-australia.ghtml