sexta-feira, 15 de julho de 2011

A Doutrina de Jesus X A Doutrina da CCB



Templo da CCB com a inscrição Em Nome do Senhor Jesus

Muito se fala a respeito da missão de Jesus Cristo na Terra. Há 2000 anos pessoas de diversas nacionalidades e línguas, culturas, classes sociais, etnias, raças e até mesmo de outras crenças analisam e interpretam o significado das palavras do personagem mais importante do Mundo Ocidental: Jesus de Nazaré. Mas afinal de contas, quem realmente foi Jesus e o que ele ensinou?

Jesus nasceu na Palestina, terra disputada por diversos povos até os dias de hoje. Filho de camponeses pobres e de religião judaica, Ele caminhou pela terra prometida ao Seu povo anunciando a chegada do Reino dos Céus, e trazendo em Sua mensagem uma reinterpretação da Lei dada por Moises, a qual trazia em si mesma uma série de mandamentos difíceis de serem seguidos. Olho por olho e dente por dente? De jeito nenhum. Cristo (que traduzido significa O Ungido, Enviado) ensinou que devemos pagar o mal com o bem: e se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra (Mateus 5:39-44).

Muitos foram os ensinos proferidos por Cristo, mas sumarizando sua mensagem, podemos afirmar que o Grande Mandamento se resume a Amar a Deus sobre todas as coisas, e a teu próximo como a ti mesmo (Mateus 22: 34-40).

Através das várias Parábolas ditas por Jesus, podemos perceber que Ele não estava interessado em fundar uma nova religião, mas sim em dar aos homens o sentido real de ser uma pessoa religiosa. Aliás, Jesus repreendeu duramente por diversas vezes aqueles que acreditavam ser mais consagrados e purificados do que os outros por cumprirem (ou crerem cumprir) integralmente os mandamentos da Lei, desprezando e condenando aqueles que não procediam da mesma maneira. (Mateus 23: 13-39)

Vamos analisar a seguir duas destas sábias parábolas dadas por Cristo e estudar o seu significado:

O Próximo

Muitos religiosos cristãos acreditam que por serem batizados e fazerem parte de uma congregação, freqüentando os cultos (reuniões) semanalmente, dando a coleta (ou dízimo) e dizendo “Glória a Deus”, eles estão a um passo da salvação, aguardando somente a volta de Cristo para entrarem com Ele em Seu Reino de Glória para toda a eternidade. Mas será que eles estão cumprindo com o mandamento de Amar ao Próximo?

 1 – A Parábola do Bom Samaritano (Lucas 10: 25-37)

E eis que se levantou um certo doutor da lei, tentando-o, e dizendo: Mestre, que farei para herdar a vida eterna?
E ele lhe disse: Que está escrito na lei? Como lês?
E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo.
E disse-lhe: Respondeste bem; faze isso, e viverás.
Ele, porém, querendo justificar-se a si mesmo, disse a Jesus: E quem é o meu próximo?
E, respondendo Jesus, disse: Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram, e espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto.
E, ocasionalmente descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo.
E de igual modo também um levita, chegando àquele lugar, e, vendo-o, passou de largo.
Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão;
E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem, e cuidou dele;
E, partindo no outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que de mais gastares eu to pagarei quando voltar.
Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores?
E ele disse: O que usou de misericórdia para com ele. Disse, pois, Jesus: Vai, e faze da mesma maneira.

Desta parábola podemos aprender algo muito interessante: Amar ao próximo não é necessariamente amar aos membros da nossa congregação, assembléia ou círculo religioso, mas a qualquer pessoa com quem nos deparamos e que necessite do nosso apoio. “Descia um homem de Jerusalém a Jericó”. Não está explicito se este homem era judeu, grego, romano, branco, negro, alto, baixo, gay ou hétero. Jesus simplesmente disse que UM HOMEM qualquer caiu na mão dos salteadores, e este homem precisava de ajuda.

Um Sacerdote, um Levita e um Samaritano

No contexto judaico em que Jesus proferiu esta parábola, três personagens foram citados:

Sacerdote: Era responsável pela realização dos ritos e das cerimônias judaicas. Conhecia muito bem a Bíblia (Antigo Testamento), inclusive o mandamento de amar ao próximo.

Levita: membro de uma das 12 tribos de Israel, tribo esta que ficou incumbida de ministrar o Templo de ensinar a Lei dada por Moises. Faziam parte da Elite Teocrática de Israel

Samaritanos: População mista, em parte da descendência israelita, que os exilados de volta do cativo babilônico encontraram no Israel Setentrional. Eram os odiados vizinhos e rivais da teocracia judaica. Samaritano era para os judeus palavra desprezível e vitupério.

Agora vamos recontar esta história usando personagens e fatos dos dias atuais?

Digamos que um certo homem, um homossexual, por toda sua vida foi estigmatizado pela sociedade homofóbica que o condenava devido a sua orientação. Ele não agüentando tanta opressão, buscou na religião um escape. O ancião (sacerdote) da igreja onde ele passou a congregar, ao invés de ajudá-lo a se recuperar de todos os seus traumas e feridas morais e psicológicas, lançou ainda mais culpa sobre este homem, dizendo que ele era responsável pelo seu estado de “miséria espiritual” pois o mesmo escolheu trilhar aquele caminho, e por isso ele havia sofrido tanta humilhação e desprezo social. 

         O ancião, por fim, o exortou ao “arrependimento de sua iniqüidade”, virando-lhe as costas logo em seguida. Não bastasse isto, os irmãos (levitas) daquela igreja, ao descobrirem o motivo pelo qual aquele homem andava tão abatido e depressivo, o excluíram do seu circulo socioreligioso, não o convidando mais para os ajuntamentos realizados pelo grupo, além de propagarem fofocas a seu respeito.

Mas finalmente este homem conseguiu encontrar alguém que lhe deu o apoio necessário, alguém que tinha uma vaga noção de quem era Deus, um católico não praticante (Samaritano) que somente ia à igreja em casamentos e batizados. Uma pessoa que contém alguns vícios, na verdade, mas dotada de um grande coração. Este católico o abraçou, e lhe disse que independentemente de quem ele era e do que ele havia sofrido no passado, ele era uma pessoa amada e muito importante em sua vida.

Quem, afinal de contas, é o VERDADEIRO PRÓXIMO praticante do AMOR nesta história?


Aquele que desceu justificado

Na Congregação Cristã, existe a crença de que aqueles que estão sob a graça de Deus (a própria denominação se auto intitula assim) com “liberdade” na igreja (chamar hinos, orar em voz alta, testemunhar, tocar na orquestra e participar da Santa Ceia) são integrantes do grupo seleto de cristãos aos quais Deus separou para herdar a vida eterna. Para tanto, eles devem observar e seguir uma série ensinamentos conhecidos como “doutrina” (tais como: mulheres não podem cortar os cabelos nem usar calças, maquiagem ou jóias e os homens não podem usar bermuda, cavanhaque ou topetes no cabelo). Aqueles que foram batizados na CCB e que não têm mais “liberdade” na igreja, mesmo que congreguem regularmente são considerados “pecadores de morte”, e para estes não existe mais salvação, sendo muita das vezes desprezados pelos irmãos e irmãs que o chamam de pecadores (a CCB ensina que seus fiéis não possuem pecados, somente faltas e fraquezas, contrariando I João 1:8-10 que afirma que todos temos pecados e que aquele que diz que não peca é mentiroso). Pessoas de outras denominações cristãs são conhecidas como “seitários” pelos membros da CCB, sendo frequentemente  chamados de primos, não sendo considerados irmãos na fé nem verdadeiros cristãos. Veremos a seguir o que Jesus ensiou sobre este tipo de conduta.

2 - A Parábola do Fariseu e do Publicano (Lucas 18: 9-14)

E disse também esta parábola a uns que confiavam em si mesmos, crendo que eram justos, e desprezavam os outros:
Dois homens subiram ao templo, para orar; um, fariseu, e o outro, publicano.
O fariseu, estando em pé, orava consigo desta maneira: O Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano.
Jejuo duas vezes na semana, e dou os dízimos de tudo quanto possuo.
O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: O Deus, tem misericórdia de mim, pecador!
Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado.

Os fariseus eram homens que acreditavam ser os verdadeiros cumpridores da Lei Mosaica, se sobressaindo dentre os próprios judeus pela sua rigorosa interpretação dos mandamentos divinos. Os publicanos, por outro lado, eram meros cobradores de impostos considerados parias na sociedade judaica, sendo mal vistos e desprezados por Israel, sobretudo por sua índole especuladora, muitas das vezes subtraindo bens básicos à existência dos cidadãos para quitar suas dívidas para com os governos.

Enfim, estes dois homens subiram ao templo para orar e mais uma vez quero propor uma adaptação desta parábola para a realidade atual. Digamos que o Fariseu seja um membro fanático da CCB, que acredita estar cumprindo integralmente com os mandamentos de Deus e, o Publicano seja um gay batizado, filho de pais crentes, mas que se afastou da CCB devido ao estigma da religião contra homossexuais. Note que tanto o fariseu quanto o publicano eram crentes (ambos foram ao templo para falar com Deus).



Duas pessoas adentraram as portas da Congregação em um certo dia de culto. Por coincidência, estes eram dois rapazes nascido e criado na CCB, que até os 15 anos recitaram e tocaram juntos na Reunião de Jovens e Menores. Mateus, agora com 23 anos, músico, assíduo freqüentador dos cultos e noivo, viu Lucas, seu ex-companheiro de recitativos entrar na porta lateral da igreja cabisbaixo, com umas mechas loiras no cabelo e um brinquinho na orelha, vestindo jeans e camisa polo. Mateus logo desviou o olhar com medo de ser reconhecido pelo ex-colega de banco. Apressadamente, Mateus se ajoelhou e começou a orar, dizendo: Deus, agradeço a ti pelo perdão dos meus pecados e a coroa de vida eterna no céus, se assim eu permanecer um filho firme e fiel até o fim. Te dou graças, ó Deus,  por eu ter nascido de pais crentes e por tu não ter deixado eu jamais conhecer o mundo, fazendo de mim um músico desta orquestra maravilhosa, me dando um bom emprego numa multinacional, um carro para congregar, meu ingresso na universidade e uma das tuas filhas para ser a minha esposa. Estou sempre que possível presente nos santos cultos e não deixo que hábitos mundanos se manifestem em mim, escandalizando assim a Tua Obra. Te dou graças também, ó Deus, por me haver revelado a tua verdadeira graça, dentre tantas seitas que dizem anunciar a Cristo, me escolheste a mim para estar no único caminho que leva à vida eterna. Também te agradeço, meu Deus, por não ter deixado espíritos contrários destruírem a minha vida como esta criatura, o Lucas,  que conhece a tua verdade mas preferiu se lançar às trevas e às paixões infames. Tudo te agradeço em nome do teu filho Jesus Cristo, amém”.

O Lucas, por outro lado, nem mesmo notou seu ex-companheiro de recitativos, mas buscando um canto isolado na igreja para se sentar, se prostou de joelhos, e orou: “Senhor, graças te dou por ainda permitir minha entrada neste santo lugar e peço perdão por eu não conseguir ser tão fiel quanto a estes irmãos que aqui estão, sendo eu um homossexual”.

Eu pergunto, qual dos dois foi justificado em sua oração, Mateus ou Lucas?

2 comentários:

  1. Bom dia, gostei d+ de encontra o seu blog. Sou crente da congragação cristã no brasil, sou batizado a 10 anos, tenho 23, sou de SP. Bom o motivo de eu entrar em contato, foi o fato de vc estar seguindo os mesmos passos que eu segui logo qdo me aceitei gay. Procurei respostas para que eu pudesse viver a minha realidade. Fui atrás de destruir todos os medos que a congregação colocou em minha mete. Durante anos eu não vivi plenamente por conta disso.
    Bom resumidamente: Hj faço parte de uma ong gls que ajuda jovens gays a se aceitarem e a se aproximarem d sua família, tenho um blog muito parecido com o só q no meu conto minha trajetória dentro da ccb, e ao mesmo tempo coloco tudo q fui aprendendo lendo, vendo filmes, indo na ong, conversando a respeito da minha hmossexualidade.
    Esse blog tem mais de um ano http://guardeinoarmario.tumblr.com e hj é muito acessado por diversos jovens q estão atras de respostas. Ja sou assumido dentro e fora de casa, só na igreja q n exponho essa minha orientação sexual, pq qdo eu frequento a igreja converso com alguns ali q ainda não se aceitam, mas sabem pelo olhar q eu sou. E de alguma forma eu consigo ajudar ele.

    Caso queira saber como é minha vida, o q faço aqui em sp, podemos conversar por email. Tenho material de sobra e mês que vem darei uma palestra sobre homossexualidade e religião na ong que faço parte, se vc for de SP, tenta ir.

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  2. Apenas Deus pode julgar cada um dos seres na Terra. EU particularmente condeno de corpo e alma a atitude de milhares de pessoas que esnobam o seu próximo pela maneira com que ele se veste e se comporta.
    Sou batizada há 16 anos, nascida nessa graça maravilhosa que é a CCB.
    Fico muito triste com as pessoas que se dizem servos e servas de Deus e estão na igreja para reparar e julgar o próximo. Acho que cada um devia olhar para seu próprio Umbigo.
    Não existe DOUTRINA DE JESUS CRISTO X DOUTRINA DA CCB
    A doutrina santa é vinda dos céus, revelada por Deus e registrada em livros que compõem a Bíblia sagrada. Verdadeiramente DEVEMOS AMAR UNS AOS OUTROS COMO A NÓS MESMOS se não fizermos isso estamos ERRADOS. Mas esse ensinamento em prática não abona nenhum outro pecado, as pessoas devem seguir ao Senhor e não às pessoas que estão na igreja.
    Os homossexuais são seres como qualquer um outro, com qualidades e características diferentes. Servir ao nosso Deus é tarefa de cada um.
    Obedecer aos mandamentos e à doutrina deixada por Deus também é tarefa de cada um.
    Agora nem por isso as pessoas devem se achar no direito de denegrir o nome da igreja por conta de suas escolhas. Onde quer que estejamos iremos enfrentar o inimigo da nossa alma, iremos sofrer nesse mundo de dor e angústias, ninguém tem culpa de nossos problemas.
    Sejamos fortes, firmes no Senhor em qualquer situação. Hétero, Homo... Quem nos julgará no último dia será Deus, o Criador, não os irmãos ou a igreja.

    Cada um deve ser prudente da maneira com que lhe cabe.
    PARA SERMOS RESPEITADOS DEVEMOS ANTES RESPEITAR.
    TENTAR "MACHUCAR" A IGREJA DO SENHOR, NÃO VAI JUSTIFICAR NINGUÉM

    PROCUREM A PAZ VERDADEIRA, NÃO SE ENGANEM COM MENTIRAS E FALSIDADES.
    Estarei orando pelos aflitos de coração!

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