terça-feira, 31 de dezembro de 2013

É hora de sair do armário

Tradicionalmente, no final de cada ano, as pessoas têm por costume colocar metas para suas vidas no ano que seguirá: emagrecer, buscar um novo trabalho, encontrar um novo amor, começar aquele curso de idiomas, entrar na faculdade etc. De fato, mudanças e novos projetos não são fáceis de serem implementados, mas, mais cedo ou mais tarde, será necessário sair da zona de conforto para dar início a algo novo.

Muitos crentes me escrevem perguntando quando seria a melhor hora para alguém sair do armário. Eu me pergunto se há, de fato, uma “hora certa” para sermos quem nós realmente somos. Uma coisa é fato: quanto mais tempo mentimos para nós e para as pessoas que nos cercam, mais difícil, complicado e constrangedor será para anunciar nossa verdadeira preferência sexual. No entanto, nunca é tarde demais. Já faz três anos que eu me assumi para meus familiares e amigos, aos vinte e cinco anos de idade. Muitas pessoas ficaram chocadas não pelo fato de eu ser gay, mas por eu ter de certa forma escondido por tantos anos, sob uma aparência heterossexual, que minha vontade e desejo estavam para as pessoas do mesmo sexo que eu. Na Congregação tive algumas namoradas, pois eu queria estar dentro das normas sociais na qual eu fui criado, mesmo sabendo que eu não sentia atração sexual por mulheres. Quando muitos dos meus parentes ficaram sabendo, alguns não acreditaram de cara, outros tiveram crise de choro (risos), mas no final das contas tive muita sorte, pois tive a aceitação, amparo e apoio da minha família. Alguns ditos amigos (sobretudo os crentes) tiveram atitudes que me deixaram muito triste na época, mas a imensa maioria não mudou a relação que sempre tivemos. Se você estiver psicologicamente preparado para contar a sua família e amigos sua inclinação sexual não deixe que isto tome anos da sua vida, pois um dia eles terão de saber de qualquer forma, isto é, se você deseja ter uma vida sem máscaras, ter um relacionamento com alguém que você ame e por quem sinta atração, e quem possivelmente frequentará seu círculo social. No primeiro momento pode haver um desconforto com notícia, pois é algo pelo que eles talvez não esperassem ouvir de você, sobretudo os pais, mas com o tempo a poeira acaba baixando e você terá o “feeling” para levar a situação adiante. Algumas famílias são muito abertas, aceitando o namorado / a namorada no convívio sócio familiar, outras até aceitam, mas preferem que não toquem no assunto (tratam o namorado / a namorada) como se fossem apenas um amigo qualquer. Alguns pais podem ter reações mais duras, ficando sem falar com o filho por algum tempo, rogam pragas (infelizmente há alguns crentes que fazem isto com seus filhos, mas entenda que eles agem assim porque eles acham que você está possuído por “demônios” e não querem que você vá para o “inferno”, de certa forma é também uma forma de mostrar preocupação e amor, por mais contraditório que pareça. Outros simplesmente não têm uma instrução sobre o que é a homossexualidade, possuindo apenas alguns “pré-conceitos”) etc. 

Pergunte a você mesmo: Até quando eu vou conseguir mentir? Quanto tempo mais da minha vida vou desperdiçar ocultando algo que é tão próprio do meu ser quanto a cor da minha pele? Quanto tempo mais eu conseguirei esconder dos outros minha preferência sexual? Vale a pena viver uma mentira, em relacionamentos héteros, para cumprir com as normas sociais? 

Faça um propósito com você mesmo e sua consciência para o ano que está por vir, e viva sua vida como ela deve ser vivida.

7 comentários:

  1. Muito obrigado! Você escreveu tudo o que eu precisava ler nesse momento.

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  2. Era auxiliar numa comum congregação, me assumi para todos do meu convívio e hoje sou muito mais feliz, meus pais aprovam minha atitude. Sigo seu blog e gosto muito dos seus textos.

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  3. Sou casado da ccb e sou bisexual .

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  4. Brandon, APDD tudo bem?

    Eu me chamo Tiago, tenho 25 anos e cresci no berço da congregação! Me formei músico aos 14 anos e toquei até os meus 22. Não me batizei pois nunca me senti preparado para isso.

    Assim como no seu relato, eu também tive algumas namoradas na Congregação, ia pro culto de jovens pra ficar "paquerando" as irmãzinhas rs. Mas no fundo eu sempre soube que aquilo não era eu.

    Durante a época de colégio eu sempre fui muito regrado (não besta, cego e hipócrita) mas o regrado que quero dizer é EDUCADO.

    Eu experimentei SIM bebidas, fumei CIGARRO mas nunca coloquei 1 droga na boca.

    Ao completar 18 anos eu me permiti me descobrir, viver a minha vida e ter a certeza do que eu queria.

    Tive minha primeira experiência homossexual e não me senti mal após isso. Parece que foi uma sensação de Liberdade sabe? Quando você anda, anda, anda e no final tem um pote de ouro?

    Naquele momento eu tive a certeza do que eu queria e não queria esconder da minha familia. Abri o jogo com meus país. Ambos caíram no choro, e eu até entendo pois na época de adolescente eu era requisitado pelas irmãzinhas e meu pai sempre me incentivava a namorar com uma deles. Mas minha mãe após um tempo entendeu, me aceitou e me aceita até hoje. O meu pai foi mais dificil pois ele é ancião e tem a mente um pouco fechada, hoje ele me respeita e isso pra mim ja basta.

    Hoje eu tenho 25 anos, ja sou formado na faculdade, moro sozinho, me sustento e tenho muito orgulho de mim.

    É muito bom saber que tem pessoas que passaram pelo mesmo que eu passei e muitos que ainda vão passar.

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    1. APDD, sou da mesma religião e sou português. será que poderiamos falar?

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  5. Querido não é facil... em algumas familias é impossivel.

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  6. Sou casado tenho 35 anos sou da ccb tenho 1 casal de filhos e uma mulher super companheira. Mais nunca conseguir deixar de ser gay vivo uma vida de mentira só pra agradar meus pais e minha família. Agora também meu filho que tem 12 anos foi pego pela minha mulher conversando com gays nas redes sociais e ele disse ser gay. Ta difícil biberão assim me ajudem por favor

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