terça-feira, 30 de junho de 2015

Homens gays relatam drama de viver casamentos de fachada com mulheres

Décadas atrás, quando os gays da Grã-Bretanha e de outros países ocidentais tinham de enfrentar o ostracismo e viviam sob a ameaça de serem processados, muitos optaram por se casar e esconder sua sexualidade.
Mas mesmo agora, com uma aceitação crescente, alguns continuam optando pelo mesmo caminho.
Nick, que está na casa dos 50 anos, é casado com sua esposa há 30 anos. Ele é gay.
Ele acha que sua mulher suspeitava há muitos anos de sua sexualidade, mas conta que tudo veio à tona quando ele teve um relacionamento com outro homem.
"Ela (esposa) perguntou se eu queria deixá-la, mas eu não queria. Acima de tudo, ela é minha melhor amiga. Então decidimos que continuaríamos juntos como melhores amigos", diz.
Nick não é seu nome real – muitos amigos e parentes do casal não sabem que ele é gay e ele prefere se manter anônimo para proteger sua esposa.
Ele conta que, desde o começo, o casamento não era completo, com muitas dúvidas sobre se eles haviam feito a coisa certa. Ele sempre teve dúvidas sobre sua orientação sexual, e isso se agravou com o tempo.

Tolerância

Grupo de apoio
'Não existimos no mundo gay porque somos casados'

Como muitos outros homens nessa situação, Nick se viu vivendo uma vida dupla. Na superfície, ele era um homem em um casamento feliz. Mas ele também tinha o hábito de ver pornografia gay. E conta que há seis anos, acabou se relacionando com um amigo gay quando ambos ficaram bêbados.
Nick conta que sua esposa ficou irritada e desapontada quando ela descobriu, e que, àquela altura, ele não tinha mais como negar que era gay.
"Senti que era a oportunidade ideal para ser honesto e contar para ela sobre algo que ela já suspeitava. Então, concordamos que eu se eu não fizesse mais isso, não tocaríamos no assunto – e quando voltasse a acontecer, iríamos falar sobre isso."
Nick admite que seria melhor para sua esposa se ele tivesse admitido antes que era gay. Ela lhe disse que estava desapontada porque ele não havia confiado nela.
"Eu ainda me sinto totalmente grato a ela todos os dias por ela ser tão tolerante", conta.
O casal optou por permanecer junto não por conta das crianças, já que eles não têm filhos, mas, sim, pelos sentimentos que nutrem um pelo outro.
"Está tudo bem com a minha esposa. Tanto que ainda amamos um ao outro e ainda estamos juntos. Mas as coisas poderiam ter sido bem diferentes."
Apesar de o casal continuar junto, eles agora dormem em quartos separados.
Nick prometeu à mulher que ele não vai mais ter relações sexuais com outros homens – ele diz que deve isso a ela.
Mas será que ele consegue manter sua promessa. "Espero que sim. Essa é minha intenção. Sinto como se não tivesse tido uma opção no passado, como se algo tivesse sido imposto a mim. Agora estou tomando a decisão que me parece acertada, que é manter o celibato."
Nick participa de um grupo de apoio chamado Gay Married Men (Homens gays casados), que tem sede na cidade britânica de Manchester e foi fundado há 10 anos. Vários homens viajam de outras partes do país para participar das reuniões.
O fundador do grupo, que prefere ser chamado apenas de John, conta que os homens são, em sua maioria, mais velhos, sendo que muitos casaram nos anos 70 e 80, quando a sociedade era mais hostil aos gays.
Mas por que então eles se casaram?
Nick conta que muitos dos participantes participam do grupo justamente para tentarem se entender.
Andy, de 56 anos, dá seu depoimento: "Alguns achavam que estavam apenas passando por uma fase e que logo encontraria uma mulher que o transformaria em uma homem de verdade, como muita gente dizia."
John, um professor de Manchester que foi casado por sete anos, diz que ele demorou para perceber que era gay. Ele sabia que sua sexualidade era ambígua, mas ele não tinha nem vocabulário para defini-la.
"Eu não sabia como era um homem gay. Na verdade, eu sabia que os gays era afeminados. E eu não me sentia assim. Logo, eu não poderia ser gay, não é?"
Os membros do grupo estão em diferentes estágios. Alguns apenas suspeitam que sejam gays, enquanto outros vivem ou viveram com suas esposas, sendo que algumas delas já se casaram com outros homens.
John agora é casado com um homem que é seu parceiro há 23 anos. Andy está se divorciando de sua mulher após 30 anos de casamento e quatro filhos.
"Eu ainda a amo. Nós somos muitos próximos. Somos melhores amigos – o que pode soar estranho para alguns, mas temos quatro filhos juntos…"
Mas muitos outros continuam casados seja por conta da expectativa de amigos e parentes ou porque eles têm filhos e não querem que a família se separe.
Jonh diz que muitos homens se veem desesperados e sem nenhum apoio – muitos sofrem de depressão severa.
"Já vimos muitos caírem no choro porque eles estavam decepcionados e agora estão aliviados por terem descoberto que há outros homens na mesma situação. Porque isso é parte do problema, nós somos um mito, não existimos", conta John.
"Não existimos no mundo gay. Estamos no limite do mundo gay porque somos casados. E não existimos também no mundo hétero. Então, somos invisíveis."
Os membros do grupo dizem que não julgam pessoas como Nick e que a mensagem principal é a de que esses homens não precisam passar por isso sozinhos.
"Há pessoas que estão conseguindo lidar com sua sexualidade e sua família. Eles ainda se relacionam com os filhos, não foram cortados do relacionamento familiar", conta Nick.
"Eu, definitivamente, estou mais feliz agora – ser honesto com a minha mulher me tirou um peso das costas."
Fonte: BBC

terça-feira, 23 de junho de 2015

Ao Ministério da Congregação Cristã no Brasil

Uma Carta ao Ministério da Congregação Cristã no Brasil

Queridos irmãos Anciães, Cooperadores, Cooperados de Jovens e Diáconos, a Santa Paz de Deus seja convosco!

Em nome dos milhares de rapazes e moças homossexuais da Congregação Cristã no Brasil, deixo minhas considerações sobre vossas recentes pregações no tocante à homossexualidade, dentro dos inúmeros templos espalhados pelo nosso país.

Todas as vezes que os irmãos abordarem este tema, tenham em mente que garotos muito jovens estão ouvindo vossa pregação. Quer vocês aceitem ou não, a homossexualidade não é um comportamento aprendido, mas sim uma tendência involuntária que abrange cerca de 10% de toda a população mundial, e vossos filhos, netos e bisnetos não serão poupados desta estatística pelo simples fato de vocês proferirem ameaças de condenação eterna em um lago de fogo ardente caso eles sejam gays. Se vocês fossem mais próximos da mocidade, iram notar que desde criança alguns meninos são mais delicados que outros, apresentam gostos e preferencias que divergem da maioria do grupo, e muito certamente estes meninos se tornarão adultos gays. Isto é explicado pela psicologia e pela pedagogia, e não se trata de influência externa. Portanto, abandonem o preconceito de que as pessoas se tornam gays por influência externa, quando esta é, de fato uma característica inata de muitos seres humanos.

Muitos dos irmãos sabem que a Congregação está repleta de rapazes gays, mas não querem que estes moços entendam sua própria sexualidade, obrigando-os através de terror psicológico, isto é, ameaça de condenação eterna, a se camuflarem no meio da multidão, fingindo serem héteros seletivos que não querem se casar para ter uma melhor condição financeira. Vemos moços beirando os 30 anos sem nenhum interesse por mulher e os irmãos querem mesmo que o povo acredite que eles estão esperando em Deus? Sejamos realistas e encaremos os fatos, estes rapazes são gays e é melhor mesmo que eles não se casem com nenhuma irmãzinha, a menos que ela esteja ciente de que irão contrair matrimônio com alguém que gosta da mesma coisa que ela, mas que para manter as aparências prefere se casar para evitar cobranças sociais.

Parem também de usar Romanos I para oprimir os milhares de crentes homossexuais através de vossas pregações. Leiam e releiam mil vezes este capítulo antes de qualquer pregação. Entendam qual era a ideia de Paulo sobre a homossexualidade: pessoas que não se interessavam por Deus e nem queriam saber dele foram entregues à paixões da carne. É este o caso dos gays aos quais vocês estão pregando? Acredito que não, e vocês também sabem que não, pois são auxiliares, músicos, meninos que vocês viram crescer desde os primeiros passos na RJM recitando salmos e que sempre adoraram ao Deus de Israel, buscando sempre seus conselhos. Além do mais, para Paulo estes supostos gays eram iníquos, malignos, homicidas, aborrecedores de pai e mãe. Qual é a relação deste capítulo com a mocidade homossexual à qual vocês estão pregando? NENHUMA, portanto adequem vossas pregações e sejam coerentes. Citar Levítico para suportar vosso preconceito contra gays?  Nem pensar, a menos que vocês também sejam a favor de outras leis leviticas como abster -se de frutos do mar, não usar roupas de dois tecidos diferentes, apedrejar até a morte filhos desobedientes, e tantas outras coisas sem sentido para a nossa sociedade moderna. Também não vale argumentar que Deus criou macho e fêmea, e mandou-os encher a terra. Quando isto aconteceu a terra só tinha Adão e Eva, hoje somos mais de 7 bilhões e até 2050 seremos quase 10 bilhões. A terra já parece estar bastante cheia não parece? E mesmo assim, quando "macho e fêmea" cristãos se casam hoje em dia evitam filhos através de métodos contraceptivos, aparentemente ferindo o mandamento bíblico de reprodução? Por que isto é tolerado e o cristão homossexual é condenado? 

Pensem que a cada vez que vocês falam contra a homossexualidade vocês estão ferindo na alma uma boa parcela da mocidade que vive um conflito de FÉ x SEXUALIDADE, conflito este causado pela própria Igreja, levando centenas de jovens gays à depressão e muitos até mesmo ao suicídio. 

Lembrem-se de que a missão de Cristo na terra era a de Salvar, e não a de condenar. Aliás, Jesus condenou apenas o sistema religioso de sua época, o judaismo, o qual se atinha a ritos, dogmas e formalidades. Jesus foi um revolucionário da sua própria fé, questionando a condenação daqueles que quebravam o sábado e desafiando o excesso de zelo dos escribas e fariseus. Antes de proferir qualquer palavra contra os homossexuais em vossa próxima pregação pensem duas vezes e reflitam: Será que Jesus falaria isto?

E para finalizar, é bom lembrar que o casamento entre pessoas do mesmo sexo é uma realidade do nosso tempo, portanto mesmo que a igreja não aceite este tipo de união é dever de todos respeitar as decisões que cada indivíduo toma sobre sua vida. Assim como cada um pode escolher qual religião praticar, também pode escolher com quem se unir e se casar, e esta decisão deve ser respeitada. Também não se esqueçam que nossa constituição garante o direito à integridade moral do ser humano, então nada de chamar casais homossexuais de aberrações, filhos do demônio nem nada do gênero. Lembrem-se de como Jesus tratava os que iam após si. 

Deus vos abençoe e vos revista de sabedoria para pregar.

Vosso irmão em Cristo.




segunda-feira, 15 de junho de 2015