Em 2019, o Conselho de Anciães da CCB publicou dois tópicos de ensinamentos que, a princípio, seriam uma grande evolução dentro da igreja referente à tolerância ao público gay, de dentro e de fora da igreja. No entanto, os ditos tópicos acabaram por gerar ainda mais exclusão e segregação ao abordar tanto o tema do "tratamento respeitoso" quanto "casamento de pessoas do mesmo sexo". Vamos analisá-los:
2 - TRATAMENTO E RESPEITO ÀS PESSOAS
"Conf. art. 1 do Estatuto, a Congregação Cristã no Brasil, fundamentada na doutrina apostólica tem por finalidade pregar o Evangelho do nosso Senhor Jesus Cristo e o Amor de Deus, tendo por cabeça só a Jesus Cristo e por guia o Espírito Santo, sem distinção de sexo, nacionalidade, raça, cor ou credo religioso. A Congregação Cristã no Brasil orienta a seus fiéis a não impor suas convicções e modo de ser às pessoas, não desprezar nem ofendê-las, apenas anunciar a misericórdia e o perdão dos pecados, por Jesus Cristo, que nos amou."
Notem bem a sutileza do ministério ao mencionar, categoria por categoria, a quem não deve ser feita distinção:
Sexo: homem e mulher;
Nacionalidade: brasileiro, venezuelano, sírio, americano etc;
Raça: europeu, índio, asiático, árabe, negro etc;
Cor: branco, preto, pardo, amarelo etc;
Credo religioso: evangélico, católico, umbandista etc;
Se é que houve a intenção de tratar a comunidade LGBT com respeito nesses tópicos, o efeito gerado foi o contrário ao EXCLUÍ-LOS dessa lista, sobretudo nesses dias, quando nunca se tenha falado tanto sobre crimes de ódio e homofobia. A bem da verdade, todos sabemos que a CCB não ensina tanto a tratar a todos com respeito. Muitas pregações são direcionadas CONTRA membros de outras denominações cristãs, chamando-os de sectários ou primos. Candomblecistas, epíritas e umbandistas são retratados como filhos das trevas, católicos como idólatras. Além do mais, mulheres são tratadas como seres humanos que devem ser submissos às vontades dos homens. Existe, de fato, uma cultura do desprezo às pessoas que não são "fiéis à doutrina ensinada na CCB". Portanto, a CCB continua a oficialmente suportar o preconceito contra homossexuais, ao omitir de seus tópicos que os tais também devem ser respeitados, mesmo que saibamos que isso seria apenas na teoria, pois na prática gays continuariam a ser atacados de cima dos púlpitos e segregados da irmandade, assim como acontece com pessoas de outras denominações.
10- CASAMENTO DE PESSOAS DO MESMO SEXO
"O ministério esclarece à irmandade que devemos respeitar os direitos das pessoas referentes à união conjugal entre pessoas do mesmo sexo pois, segundo a Constituição do Brasil, são livres para optarem sobre o modo de regerem suas vidas, em todos os aspectos, quer familiar, social, sentimental e religioso. Devemos permanecer fiéis à Palavra de Deus que condena a idolatria e depravação das pessoas, conforme escrito em Romanos 1:18 ao 32. São condenados também aqueles que conhecem a justiça de Deus, mas consentem com o pecado, participando de tais atos, inclusive em festas relativas a essas uniões."
Esse segundo tópico consegue ser ainda mais absurdo que o primeiro. A princípio, parece que o Ministério da CCB está exortando a igreja a respeitar e conviver pacificamente com a comunidade LGBT. Mas logo em seguida chamam os gays de DEPRAVADOS, CONDENADOS, PECADORES e exortam a irmandade a NÃO APOIAREM ou se MISTURAREM com pessoas que estejam nesse "pecado", caso contrário elas TAMBÉM SERÃO CONDENADAS. Novamente aqui não houve nenhuma exortação de tratamento respeitoso para com os homossexuais, mas sim uma EXPLÍCITA EXCLUSÃO SOCIAL, uma exortação à irmandade a não apoiarem, consentirem ou se relacionarem com a comunidade LGBT.
A Congregação Cristã no Brasil é muito sutil na maneira como manipula sua membresia através de mensagens subliminares. Mais uma vez ela deu uma aula de como excluir, desprezar e segregar aqueles que não se encaixam no seu modus operandi de ser.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui seu comentário