terça-feira, 29 de novembro de 2011

Pastor, eu sou gay



Fred tinha apenas 16 anos quando disse esta frase para mim. Sentado à frente da mesa do gabinete pastoral, por mais que toda a congregação sempre achasse estranho o jeito meigo e delicado de Fred, ele estava na igreja desde o nascimento. Ninguém, nem mesmo eu, acharia que isto fosse possível. Por alguns segundos, que pareceram horas, enquanto me refazia do susto, por minha cabeça passou como um filme em fast forward desde o dia em que apresentei aquele bebê a Deus.

– Bem... É... É... – Eu não sabia o que dizer. Eu não estava pronto para isso.

É muito fácil atacar o homossexualismo no púlpito, mas quando me vi diante de um jovem, dizendo o que disse, em meu gabinete pastoral, confesso que tremi por dento.

– Pode falar pastor, acho que estou preparado para qualquer coisa – me interrompeu Fred.

– Veja bem, não é isto. É que você me pegou de surpresa.

Na verdade eu não tinha nada para dizer. Eu conhecia aquele menino. Sempre deu um excelente testemunho, talvez o melhor dos crentes da minha congregação. Orava muito bem, participava dos evangelismos. Conhecia a Bíblia melhor do que todos os diáconos juntos. Cantava que era uma bênção! Como pode ser isto?



– Bem Fred – tentei começar de novo – tenho de confessar que estou desarmado. Vamos orar agora e marcamos outro dia. O assunto é complicado e não vamos resolvê-lo agora. Penso que se você veio aqui é porque quer algum tipo de ajuda.

Enquanto dizia isto, olhei nos olhos dele e pude sentir que ele queria exatamente ouvir o que acabara de dizer.

– Podemos nos falar na próxima sexta – falei quase imperativamente. Você conversou com mais alguém sobre o que acabou de me contar?

Meu medo de ele dizer sim foi enorme, mas para meu alívio, ele balançou a cabeça em sinal de negativo. Então, oramos e nos despedimos.

Depois de alguns encontros, onde tentei ganhar tempo procurando colegas mais antigos, psicólogos pastores e apelando para Deus por um milagre mosaico, como não via luz no fim do túnel, eu tive a coragem de perguntar:

– Você já... – Balancei a cabeça, franzi a testa, esperei alguns segundos...

– Não!

Por dentro eu disse: ufa! Então continuei.

– Eu não sei dizer porque isto acontece. Eu percebi toda a sua sinceridade mas para muitas coisas eu não tenho resposta. Como já te disse antes, eu quero compreender você. Eu mais do que ninguém posso testemunhar que você é um convertido ao Senhor. Eu tomei sua profissão de fé e te batizei. Infelizmente não sei explicar por qual razão seus sentimentos estão distorcidos. Mas eu quero te ajudar.

Fred me olhou com carinho. Mas antes que dissesse algo, fui em frente.

– Se você já tivesse tido relacionamentos, não sei o que seria de mim para aconselhar você, mas graças a Deus, acho que temos uma porta de escape.

Pesquisei em tudo quanto tive acesso. Ouvi gente dizer que homossexualismo é natural, é genético, é sem-vergonhice. Outros dizem que é demônio e outros que é a criação dada à criança. Sinceramente... Acho que pode ser tudo isto. E muito mais.

No caso de Fred chegamos a um consenso. Ele prometeu se manter celibatário e usar toda sua vida a serviço do Senhor, ou até que ele chegasse a um entendimento ou cura, sei lá.

Lembro de ter dito a ele que deveríamos ficar com o que temos revelado na Bíblia. O que a Bíblia condena veementemente é o ato homossexual. Como no caso de Fred ele não havia nem vivia um relacionamento homossexual, achamos que esta era a melhor solução para nós.

Ele prometeu não se envolver com garotas, pois isto poderia ser um refúgio furado, podendo não resolver o seu problema e magoar alguém. O fato é que faz 12 anos que ele está envolvido em trabalhos sociais, servindo a Deus, evangelizando e sendo uma bênção.

Se ele se curou da atração por homens? Não sei. Nunca perguntei nem ele me disse mais nada. Acho que ele vive um dia de cada vez. E eu oro, um dia de cada vez, por ele.

Ele vai para o céu? Não sei. Quem sabe é Deus. Se eu julgar pela sua confissão de fé, que permanece até hoje, pelos frutos que ele produz, tenho certeza que vamos no mesmo ônibus.

FONTE: http://www.pastorbatista.com.br

Depois de ler tudo isto, eu só tenho a perguntar: 

  • Será que este pastor, e tantos outros religiosos que lidam diretamente com casos semelhantes, ainda acha que ser gay é uma opção?
  • Será que este jovem é feliz, vivendo sem ter do seu lado alguém para amar? Como ele próprio relatou, ele é homossexual, e não assexuado. Será?
  • Será que este rapaz não mantém uma vida religiosa de fachada e uma vida clandestina aos olhos da igreja, talvez até mesmo mantendo relações promiscuas, já que ele não seria aceito se assumisse abertamente sua condição e um relacionamento com um homem que ele amasse?
  • Será? Será? Será?
Por quanto tempo mais durará  a ignorância religiosa em nome de um "Deus" que cria pessoas homossexuais para que elas sofram isoladas, amarguradas, sozinhas e oprimidas ?

6 comentários:

  1. kkkkkkkkkkkkkkk foi o pastor da minha igreja que escreveu isso rsrsr, ele ta por fora

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  2. Esta história é real?

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    1. Olá Anônimo; se é real eu não sei. Também queria saber se é real.

      Mas o que sei é que, independente de ser real ou não, há vários 'Fred' destes dentro das nossas igrejas a cada domingo. Camuflados e invisíveis; pois escolheram a invisibilidade. Sofrendo e se mutilando; vivendo cada dia como único, e, sem pensar no futuro. Pensar enlouquece. Não sabem nem imaginam o que pode ocorrer amanhã. Cada dia é uma dor nova. Sempre maior.

      Imaginemos quantos Fred existem que estão por ai que alem de sua própria renuncia interior, ainda tem pressões externas para controlar... tendo sempre que inventar 'desculpas' por estarem solteiros... "tou estudando ainda", "tô novo", "sem tempo", "tou aguardando Deus me revelar minha 'Rebeca'"; e os anos passam, e as desculpas se esgotam. O que dizer? O que inventar? Já tenho 20 anos e... solteiro.

      Existe um equipamento na terra capaz de medir o tamanho desta dor? Não! Só sabe quem sente, está dor oscilante! A falsa cara de alegria num casamento de um amigo, a dor de fingir que está bem para os parantes e conhecidos, o sorriso tão bonito... tão falso! Tão fingido. A MENTIRA diária: "estou bem"; "tá TUDO bem, graças a Deus". NÃO!! Não tá tudo bem!! Não consegue ver a minha dor?? O GRITO sem som que é emitido por cada Fred destes não é notado por ninguém; nunca. E vai vivendo, a cada dia. Cada refeição, cada noite estrelada, ou sem estrelas... cada viagem, cada som, cada gesto e sentimentos, cada comprimido de calmante nos dias de desespero... vão passando... sabe-se que terá um fim; ah sim, terá um fim. Na última respiração, ou quem sabe, antes disto... quem sabe... (?!)

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    2. Não é real NÃO , quem escreveu essa estória foi o meu antigo pastor, que por sinal é péssimo em literatura.

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  3. "Se ele se curou da atração por homens? Não sei. Nunca perguntei nem ele me disse mais nada."

    É muito triste ler esta história, vendo que está é a realidade de muitos jovens hoje; como doí! Quantos adultos que foram de nossa confiança [quando 'descobrimos'] tem este mesmo pensamento acima? Muitos.

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  4. kkk sou um Fred da vida, vivo exausto mentalmente de tanto tentar compreender e achar uma saída para essa novela que é minha vida, quanto mais eu leio sobre o assunto , parece que vou morrendo aos poucos, nao sei explicar, é uma angústia muito grande, nao vejo saída. Quem poder orar por mim eu ia agradecer, meu nome é Igor tenho 21 anos, guardo muita dor dentro de mim , tenho que ficar atuando o tempo todo, fingindo ser quem n sou, fazendo coisas que nao me dá prazer para agradar os outros, tento fugir de situações que sei que vão me constranger.... e assim vou vivendo... ou melhor ... sobrevivendo.

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