segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Romanos 1:18-32 Homossexualidade X Idolatria na visão do Apóstolo Paulo



A Bíblia é a infalível e imutável Palavra de Deus. Este é o conceito chave para a maioria das denominações cristãs. Isto significa que tudo o que está contido nas Sagradas Escrituras deve ser observado e seguido sem questionamentos de sua veracidade. No entanto, uma mesma verdade contida na Bíblia é interpretada de formas distintas pelas diferentes igrejas existentes e, mesmo dentro de uma mesma denominação, como ocorre na CCB, há diferentes interpretações de uma mesma doutrina ou ensinamento. Como exemplo, na Congregação existe uma parcela do ministério e da irmandade que acredita que tomar bebida alcoólica com moderação não é pecado. Já outros acreditam que beber em qualquer quantidade é um erro grave, um escândalo para os que estão de fora, já que um copo puxa outro copo e a pessoa muitas das vezes acaba embriagada.

Constantemente orientações bíblicas são desrespeitadas nos serviços religiosos. Paulo discorreu sobre a necessidade de ordem nos cultos em I Coríntios 14, e enfatizou a questão de falar em língua estranhas:

Se, pois, toda a igreja se congregar num lugar, e todos falarem em línguas, e entrarem indoutos ou infiéis, não dirão porventura que estais loucos?

E orientou:

E, se alguém falar em língua desconhecida, faça-se isso por dois, ou quando muito três, e por sua vez, e haja intérprete. Mas, se não houver intérprete, esteja calado na igreja, e fale consigo mesmo, e com Deus.” 

 Nos ajuntamentos religiosos ditos pentecostais, incluindo a Congregação, as exortações de Paulo quanto a necessidade de intérprete para pessoas que falam em linguas estranhas são completamente ignoradas. Todos falam em línguas ao mesmo tempo, muitas das vezes gritando, não sendo possível compreender nada do que está sendo dito ou acontecendo, mas o crente justifica este acontecimento dizendo que não é possível controlar o Espírito Santo quando este se manifesta no fiel, contrariando outro parecer de Paulo, que diz:

“E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas.” (I Coríntios 14:32).

A mulher e a Bíblia

Muitas regras aplicadas cinquenta anos atrás nas igrejas, baseadas em trechos isolados da Bíblia, seriam de difícil aceitação nos dias de hoje. O conceito de que a mulher foi responsável pela queda do homem justifica a necessidade de sua submissão. Ao longo da história, a mulher foi sempre considerada inferior e em muitos casos até mesmo incapaz. Somente nas últimas décadas é que isto vem mudando, através de muitas lutas pela igualdade e equiparação entre homens e mulheres.

1 Timóteo 2:9-15
Que do mesmo modo as mulheres se ataviem em traje honesto, com pudor e modéstia, não com tranças, ou com ouro, ou pérolas, ou vestidos preciosos,

Mas (como convém a mulheres que fazem profissão de servir a Deus) com boas obras.
A mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição.

Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio.

Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva.
E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão.

Salvar-se-á, porém, dando à luz filhos, se permanecer com modéstia na fé, no amor e na santificação.

1 Coríntios 14:34

As vossas mulheres estejam caladas nas igrejas; porque não lhes é permitido falar; mas estejam sujeitas, como também ordena a lei.

E, se querem aprender alguma coisa, interroguem em casa a seus próprios maridos; porque é VERGONHOSO que as mulheres falem na igreja.

O rearranjo social no qual vivemos não nos permite mais tomarmos estes versos bíblicos literalmente. Existe hoje um número crescente de mulheres que são chefes de família. No passado, os únicos papeis da mulher eram o de dona de casa e o de progenitora. O marido ditava todas as regras e a mulher devia obedecer sem nada questionar. Por não haver ainda a pílula anticoncepcional, ela cumpria sem maiores esforços sua missão de ter filhos. 
Porque é vergonhoso que as mulheres falem na igreja...Hã ? Vergonhoso? Sim, é isto o que está escrito na Bíblia, a mesma utilizada pelas muitas pastoras evangélicas em suas pregações, a mesma Bíblia que serve de base para a irmandade da CCB, a qual aceita que as mulheres testemunhem (falem) e orem na igreja, e que tem uma irmã super influente no ministério da música, a qual atende ensaios regionais por todo o Brasil, exercendo função de liderança na igreja.


Romanos 1: A Homossexualidade na visão de Paulo de Tarso
Os versos 18 ao 32 do primeiro capítulo do Apóstolo Paulo aos Romanos talvez sejam os mais usados por pregadores contra a homossexualidade. Nesta passagem Paulo fala, sobretudo, a respeito da Idolatria dos gentios (pessoas que não fazem parte dos filhos de Israel), os quais conhecendo a Deus não o glorificaram como tal, mas se voltaram à adoração de diversos ídolos à imagem e semelhança de animais.

Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça.

Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu.
Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos.

E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis.


Paulo então conclui:

Por isso também Deus os entregou às concupiscências de seus corações, à imundícia, para desonrarem seus corpos entre si;

Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém.

Por isso Deus os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza.

E, semelhantemente, também os homens, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, homens com homens, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro.

E, como (porque) eles não se importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convêm;


Ou seja, na visão de Paulo, a homossexualidade é uma consequência da falta de interesse e deliberada rejeição dos homens e mulheres para a adoração do único Deus verdadeiro. Para Paulo, já que as pessoas não quiseram servir a Deus e optaram pela idolatria, o próprio Deus os teria entregue aos desejos da carne para cometer aquilo que Paulo entendia como sendo paixões infames. Segundo esta teoria, se alguém se convertesse ao Evangelho, estes desejos não mais reinariam em sua carne, pois a homossexualidade é uma espécie de "vingança divina" para com aqueles que não seguem a verdade de Deus.

Erro na justificativa de Paulo sobre a homossexualidade

Há uma falha no raciocínio desenvolvido neste capítulo: Os gentios não tinham o conhecimento apropriado sobre quem era Deus e qual era Sua vontade, já que o Deus dos judeus não era conhecido por todos os povos e Sua vontade não era manifesta a eles. Na antiguidade, não ocorria como acontece atualmente no Brasil e em outras nações cristãs, onde mesmo pessoas não cristãs conhecem os “Mandamentos” pelo senso comum, já que elas vivem numa sociedade cujos princípios éticos e religiosos são regidos pelo Cristianismo (Católico como nos países da América Latina ou Protestante, como nos EUA e alguns países europeus). No tempo em que Jesus veio à Terra, a regra não era de anunciar o Deus verdadeiro aos demais povos e fazer adeptos ao Judaísmo. Jesus mesmo disse que ele veio para a casa de Israel. Ele peregrinou entre os filhos de Israel, ensinando e admoestando os mesmos a observar e cumprir a Lei apropriadamente.

Jesus enviou estes doze, e lhes ordenou, dizendo: Não ireis pelo caminho dos gentios, nem entrareis em cidade de samaritanos;
Mas ide antes às ovelhas perdidas da casa de Israel; (Mateus 10:5-6)

 Somente após sua morte é que o Evangelho (Boas Novas) começou a ser difundido e pregado aos demais povos, os gentios. Como então eles poderiam ter optado pela idolatria ao invés de seguir ao Deus Verdadeiro, já que eles não tinham esta opção, justamente por serem gentios?

Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu.

Como poderiam eles ter o conhecimento de Deus?

No verso 20, Paulo justifica como estes gentios teriam o conhecimento do qual ele fala:

Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis;

Em outras palavras, neste verso Paulo diz: Os gentios não têm desculpa, pois ao olharem para os céus, para a terra, para o mar e tudo o que neste mundo há, os gentios estão contemplando a obra do Criador, o único Deus verdadeiro. Ou seja, pela criação eles poderiam saber quem foi o Criador. Para Paulo, esta justificativa era mais do que óbvia, tendo ele aprendido desde criança aos pés de Gamaliel a lei, e também para os outros Judeus que cresceram aprendendo que Jeová Deus era o Criador de todas as coisas. Mas não para os gentios. Eles também acreditavam que alguma divindade havia criado o mundo e tudo o que nele há, mas eles tinham suas próprias formas de contar como este mundo veio a existir, através dos diversos deuses que podem ser estudados na mitologia da antiguidade. Ou seja, eles eram ignorantes no que diz respeito ao conhecimento adquirido pelo Apóstolo Paulo sobre Deus e sua criação como descrita no livro de Gênesis. O que era claramente visível para Paulo não o era para os gentios.

A contradição se torna ainda mais clara quando comparamos a posição adotada por Paulo em uma outra narrativa, no livro de Atos. Em uma de suas viagens missionárias, Paulo passa por Atenas, e se depara com um grande número de deuses estranhos (como era de se esperar, já que os atenienses eram gentios, e não judeus). Paulo então começa a pregar a estes o Evangelho, dizendo que ao passar pela cidade, ele observou uma diversidade de santuários, e que em um deles havia uma frase, dizendo que este se referia ao “deus desconhecido”. Paulo então diz que este “deus desconhecido” a quem os atenienses construíram um altar não era outro senão o Deus que Paulo pregava (Atos 17:23). Eles não conheciam ao Deus de Israel e por isto eles adoravam a uma tão grande diversidade de deuses em semelhança de divindades mitológicas, humanos e animais.
O próprio Apóstolo Paulo, segundo esta narrativa, acaba concluindo que os gentios de Atenas adoravam a estes ídolos por pura ignorância (falta de conhecimento), mas que Deus não tomaria vingança sobre eles por agirem de tal forma, pois eles não sabiam o que estavam fazendo.

Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar, que se arrependam; (Atos 17:30)

Como poderia Paulo tomar posições tão contrarias e divergentes? Em Romanos, ele afirma que os gentios conheciam a Deus, mas optaram por não servirem a Ele, voltando-se à adoração de deuses estranhos. Em Atos, Paulo diz que os gentios adoram aos ídolos por não conhecerem ao único Deus verdadeiro e por isto Deus não tomaria vingança sobre eles, lançando-lhes alguma “maldição” ou abandonando-os aos “sentimentos imundos e depravados”, como narra Paulo na epístola aos Romanos. Alguns tentam justificar esta discrepância afirmando que os gentios romanos conheciam a verdade de Deus, e os de Atenas, descritos em Atos, não. Porém, na carta aos Romanos, Paulo escreve à igreja de Roma e disserta sobre a situação dos gentios em geral, o que também incluiria os atenienses, e não sobre gentios da cidade de Roma especificamente.

A Homossexualidade no Tempo Presente


Mais de 2000 anos já se passaram e a homossexualidade continua a existir e, para a surpresa de muitos, ela acontece em larga escala dentro das igrejas evangélicas, incluindo a CCB, manifestando-se em pessoas que JAMAIS serviram ou adoraram outros deuses a não ser o único Deus verdadeiro. Milhares de moços de ótimo testemunho e reputação na Congregação são homossexuais, muitos são auxiliares de jovens, músicos, fazem visitas ao enfermos, oram, testemunham, pregam, são filhos de cooperadores e anciães, são de lares tradicionalíssimos. Estes moços sofrem muito por anos e anos, sabendo que o que eles sentem e o que eles são não se enquadra naquilo que a igreja considera aceitável e normal. Eu pergunto: Como justificar a homossexualidade num contexto cristão, apoiando-se no parecer de Paulo sobre este assunto? Teria Deus entregue seus próprios filhos às “paixões infames” e à “imundícia” por louvarem e honrarem unicamente a Ele?


E, como eles não se importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convêm;

Como ficam então os milhares de moços que sofrem noites à fio, chorando e clamando, molhando seus leitos com lágrimas, em súplicas e orações, implorando a Deus uma transformação, uma mudança em seus sentimentos homoafetivos? Buscam respostas na Bíblia, buscam uma mudança através da consagração, ocupam maior parte do tempo servindo a Deus, crendo que uma hora seus sentimentos serão mudados...Muitos acabam por encontrar no casamento um refúgio para sua realidade homossexual, ato que resulta em destruição de sonhos de um cônjuge hétero e vergonha ainda maior para as famílias dos envolvidos.

Paulo encerra este capítulo, concluindo:

Estando cheios de toda a iniqüidade, prostituição, malícia, avareza, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade;

Sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais e às mães;

Néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, irreconciliáveis, sem misericórdia;

Os quais, conhecendo a justiça de Deus (que são dignos de morte os que tais coisas praticam), não somente as fazem, mas também consentem aos que as fazem.


De fato, não é possível comparar a homossexualidade descrita no capítulo 1 de aos Romanos com a realidade dos gays e lésbicas da CCB e de tantas outras igrejas evangélicas, os quais sentem prazer na lei de Deus e adoram única e exclusivamente ao Pai Celestial. Paulo viveu numa época em que "orientação sexual" era algo tão desconhecido para as pessoas quanto o fato de que a Terra não é plana, e sim redonda, e que não é o Sol que gira em torno da Terra, mas o contrário. Paulo tinha sua própria perspectiva da situação e por isso concluiu que as "práticas homossexuais" que ele observou nos gentios eram uma perversão deliberada, e não uma tendência involuntária presente em muitas espécies de seres vivos, incluindo o gênero humano.

6 comentários:

  1. “(...) a homossexualidade continua a existir e, (...), manifestando-se em pessoas que JAMAIS serviram ou adoraram outros deuses a não ser o único Deus verdadeiro. Milhares de moços de ótimo testemunho e reputação na Congregação são homossexuais, muitos são auxiliares de jovens, músicos, fazem visitas ao enfermos, oram, testemunham, pregam (...) Como justificar a homossexualidade num contexto cristão, apoiando-se no parecer de Paulo sobre este assunto? Teria Deus entregue seus próprios filhos às “paixões infames” e à “imundícia” POR louvarem e honrarem unicamente a Ele?
    (..)
    Como ficam então os milhares de moços que sofrem noites à fio (...) implorando a Deus uma transformação, uma mudança em seus sentimentos homoafetivos? Buscam respostas na Bíblia, buscam uma mudança através da consagração, ocupam maior parte do tempo servindo a Deus, crendo que uma hora seus sentimentos [milagrosamente] serão mudados...”
    Onde acharemos resposta para tais perguntas? Onde? O ministério simplesmente ignora a existência destas pessoas dentro das congregações.

    ResponderExcluir
  2. DEUS ama a cada ser humano existente cada um de nós somos suas ovelhas se uma esta no caminho perdida DEUS vai a sua procura devemos ter respeito us aos outros tratar igualmente assim fazendo o bem no mundo de hoje falta amor , respeito, leis, dinheiro, humanidade, oportunidade, temos que unir forças para mudar só depende de caca um

    ResponderExcluir
  3. NÃO tente vestir o lobo de ovelha, porque os q praticam a verdade vão se apartar da iniquidade deste mundo, se agirmos como os do mundo, qual galardão teríamos? o caminho que leva ao céu é apertado, para alguém homossexual mudar o seu pecado blasfemo e voltar ao uso natural, o qual Deus determinou, não é fácil com toda certeza, mas quando a carne é sacrificada o espirito é vivificado, e o que importa para Deus é o espirito e este munido de seu esforço para servi-lo, quanto a carne nada mais é que estrume, po, cinzas. o VERDADEIRO CRENTE jamais irá aceitar a abominação dentro da casa de Deus! Jamais... finalizo dizendo: ABOMINAÇÃO, PARA TRÁS DE MIM SATANÁS, eu nunca aceitarei o homossexualismo como algo de Deus e jamais irei contra a VERDADEIRA doutrina crista!

    ResponderExcluir
  4. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  5. Olá irmão Samuel, a paz de Deus!

    Vejo nas suas palavras sintomas de quem não aceita sua própria condição sexual. O irmão sofre por sentir-se atraído pelo mesmo sexo? Eu entendo, já passei por esta fase também. Assim como o apóstolo Paulo dizia "o mal que eu reprovo este eu faço". Você provavelmente ainda não se aceitou, e isto lhe causa um grande sofrimento e conflito interno. Espero que logo você consiga superar tudo isto e que seja feliz como você é.

    Deus te abençoe.

    Brandon

    ResponderExcluir

Deixe aqui seu comentário